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Norte: 4 das 10 cidades mais violentas da região têm menos de 130 mil habitantes

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Com tendência de alta da violência, os municípios menores da região Norte do país sofrem com a situação. Dos dez mais violentos da região, quatro municípios têm menos de 130 mil habitantes. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 e mostram que, cada vez mais, o crime organizado tem se expandido para essas áreas, que principalmente no Norte, são menos monitoradas pelas forças de segurança.

O cientista político e pesquisador da Universidade de Brasília Antônio Flávio Testa diz que a dificuldade de acesso e a facilidade de fuga nos municípios menores e mais distantes são os principais motivos para o aumento do crime nesses locais.

“É totalmente abandonado. Essas cidades bem no interior são muito abandonadas pelo Estado. Não têm segurança. Os prefeitos não podem fazer a segurança, porque não são autoridades para isso — e os governadores também não têm muito interesse onde não tem voto. Você pega o Pará, de um distrito para outro tem mais de mil quilômetros, e o crime sabe disso e se instala naquelas regiões”, analisa. 

Altamira, no Pará, e Macapá, no Amapá, estão entre as 10 cidades mais violentas do país, com 70,5 homicídios por 100 mil habitantes e 70 homicídios por 100 mil habitantes, respectivamente. 

O pesquisador dá o exemplo do Pará, que também teve a maior quantidade de municípios no ranking:  60% dos mais violentos da região estavam no estado. 

“O Pará, por exemplo, é alvo de muitas ações de quadrilhas especializadas, pelas riquezas, da região, pelo tamanho, é muito difícil controlar, colocar o Estado presente em todo lugar para fazer a segurança. No entanto o crime é organizado. Eles fazem uma espécie de franquia, recrutam a juventude e atuam de forma muito bem organizada”, comenta. 

Desafios 

O professor da Universidade do Estado do Pará e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Aiala Colares, concorda que a falta da ação do Estado faz com que a região Norte enfrente grandes problemas com a segurança e não vê, pelo menos a curto prazo, projeção de mudança. 

“A precarização do serviço do Estado de enfrentamento aos crimes ambientais, por exemplo, no território indígena, elas permitiram que criminosos tivessem uma presença maior em outros tipos de atividades ilícitas que ganharam muita força, e claro que você tem um aumento da violência. Nesses últimos três anos especificamente, o Amazonas vem se colocando como região que apresenta essa taxa muito superior ao resto do Brasil — e se continuar nesse volume, a gente vai continuar com altos índices”, avalia. 

Entre janeiro e outubro do ano passado, o Norte apresentou um aumento de 2,67% no índice de homicídio doloso, em comparação com 2022, sendo a única região do país que não registrou queda. 

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