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Voluntário relata o horror da coleta de cadáveres israelenses perto da Faixa de Gaza

Por décadas, Yossi Landau, de 55 anos, recolheu cadáveres em Israel. No entanto, ele só desmoronou quando deparou com os restos mortais das pessoas assassinadas pelo movimento palestino Hamas.

Landau levantou no sábado (7) com o barulho das sirenes, algo a que está “acostumado”, devido aos frequentes ataques com foguetes.

Ele demorou para perceber que aqueles lançamentos eram “apenas uma operação de cobertura, porque o principal foi a invasão” dos milicianos islâmicos do Hamas, que se infiltraram a partir da Faixa de Gaza e mataram mais de 1.200 pessoas em território israelense.

Em sua casa, em Ashdod, uma cidade costeira ao norte da Faixa de Gaza, o homem lembrou “o horror” que encontrou ao chegar ao local.

“Vi carros virados, vi pessoas mortas na rua”, descreveu Landau ao falar de Sderot, uma cidade israelense perto da fronteira, onde muitos moradores morreram.

Landau possui 33 anos de experiência como voluntário da Zaka, uma organização que recupera os corpos de pessoas que sofreram mortes não naturais.

O homem diz que testemunhou uma violência como nunca tinha visto nos tiroteios entre combatentes palestinos e Forças israelenses.

“Uma parte da estrada que deveria levar 15 minutos para percorrer nos tomou 11 horas, porque recolhemos todos e os colocamos em sacos”, contou ele.

Veículos abandonados, incendiados ou perfurados por balas ainda compõem o cenário no sul de Israel.

Depois de carregar dezenas de corpos para caminhões refrigerados, Landau e outros voluntários chegaram a Beeri, um kibutz com cerca de 1.200 habitantes a 5 quilômetros de Gaza.

“Senti que desmoronava. Não só eu, mas toda a minha equipe”, recordou, após ter entrado na primeira casa e encontrado uma mulher assassinada.

O voluntário da Zaka disse que viu os corpos de vários civis — entre eles, cerca de 20 crianças — com as mãos amarradas nas costas, alvejados e queimados.

Massacre em festival de música

Mais de cem pessoas morreram no kibutz Beeri e 270 foram assassinadas no festival de música Supernova, nas proximidades. Os corpos foram removidos do local, mas seus pertences ficaram espalhados no chão.

Quando um repórter da AFP visitou o local, nesta quinta-feira (12), o sangue jorrava de um carro parado ao lado de uma placa que indicava os caminhos na floresta.

Israel diz que retomou o controle da zona de fronteira, mas o Exército ainda relata tiroteios com combatentes que sobraram.

As Forças Armadas afirmaram que os soldados “mataram um terrorista” na quinta-feira, perto de um kibutz a poucos quilômetros do local do festival, logo após terem ouvido tiros vindos do local.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel lançou mais de 6.000 bombas sobre a Faixa de Gaza, de acordo com números militares. Os ataques israelenses deixaram mais de 1.530 mortos no território, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

Diante da magnitude da violência, Landau disse que “não sente mais nada”.

“Simplesmente separamos nossos sentimentos do nosso trabalho. E é isso que devemos fazer”, desabafou.

Fonte: https://noticias.r7.com/internacional/o-horror-da-coleta-de-cadaveres-israelenses-perto-de-gaza

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