A Prefeitura de Manaus, em ação conjunta com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Banco Central do Brasil, realizou, nesta terça-feira, 3/5, um curso de educação financeira básica para os indígenas venezuelanos warao, acolhidos nos abrigos Tarumã-Açu I e Tarumã-Açu II, localizados na zona Oeste da cidade e administrados pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc). Diversas ações vêm sendo realizadas pelo poder público municipal, a fim de incentivar práticas que garantam a autonomia dos refugiados.
Para a secretária da Semasc, Jane Mara Moraes, a realização do curso é um poderoso e bem-vindo reforço às atividades já realizadas com as famílias acolhidas, como a promoção de feiras de artesanato, por exemplo. Com a repercussão satisfatória, abre-se uma margem para a expansão das ações. “Recebemos refugiados em todos os equipamentos da Semasc, então a ideia é capacitar uma turma de multiplicadores que possam trabalhar também com o público da assistência social, afinal, a educação financeira é de extrema importância nesse contexto”, conta a secretária.
Realizada pela primeira vez de maneira presencial, a capacitação já vinha sendo oferecida pelo Conare em outras cidades pelo país, mas apenas de forma on-line.
Com o intuito de introduzir a essa população os conceitos básicos da realidade financeira do Brasil, o curso abordou temas como a abertura de contas, modalidades disponíveis, tipos de operação de crédito e o uso do PIX, além de dicas de segurança a fim de evitar possíveis golpes.
Segundo a chefe do Escritório Regional da Coordenação Geral do Conare (MSJP), Clarissa Carmo, a capacitação, que terá duração de dois dias, tem papel fundamental ao apresentar aos refugiados aspectos monetários do país que podem ser novidade, como o PIX, por exemplo. “Nossa intenção é trazer esses conhecimentos de forma que todas as pessoas que estão aqui, além de conhecer as especificidades da nossa cultura financeira, consigam fazer cálculos financeiros conscientes, chegando a um orçamento doméstico adequado ao fim do mês”.
Analista do Banco Central e palestrante do evento, Ricardo Laureno destaca a importância da ação como forma de desenvolver a independência financeira dessas famílias. A chave do sucesso, segundo Laureno, é a metodologia utilizada. “A gente não vem aqui para falar um “economês” que ninguém entende, por isso nós nos preocupamos com os termos usados, ministramos as aulas em espanhol e, acima de tudo, tentamos deixá-los o mais à vontade possível, tornando a aula uma conversa mesmo”, ressaltou.
Rosanni Magarita Martinez, de 40 anos, faz parte de uma das famílias assistidas pelo abrigo. Em Manaus desde novembro, junto com o marido e quatro filhos, Rosanni já tem planos para o futuro. “De agora em diante pretendo empreender um novo negócio, fazer artesanato. Estou gostando muito do curso e aprendendo muito aqui no Brasil”, finalizou.