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Prefeitura de Manaus lança exposição de arte indígena para fortalecer valorização do povo ancestral manauara

Uma minivernissage, mostra de obras de artes visuais com a presença de artistas indígenas, realizada pela Prefeitura de Manaus para a imprensa, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), com o apoio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), marcou o lançamento da 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus – Meu Povo, nesta quarta-feira, 15/9, no salão nobre do Palácio Rio Branco.

O evento vem consolidar a política de valorização e reconhecimento da importância da população indígena na gestão do prefeito David Almeida, que desde que assumiu vem realizando ações no sentido de resgatar e apoiar a cultura ancestral de Manaus.

Estiveram no evento, o presidente do Concultura, Tenório Telles; o vice-presidente do Concultura, Neilo Batista; o presidente da Manauscult, Alonso Oliveira; a titular da Coordenação dos povos indígenas de Manaus e Entorno (Copime), Marcivana Sateré-Maué; o professor-Doutor João Paulo Barreto Tucano, curador da mostra que marcou o início do evento com a fala “Nossa arte não é material”.

“A mostra é um evento simbólico, porque representa esse compromisso do prefeito David Almeida, de reconhecer nossa ancestralidade indígena e principalmente valorizar as populações indígenas de Manaus”, explicou o presidente do Concultura, Tenório Telles, afirmando que o evento marca as comemorações do aniversário de 352 da cidade de Manaus, com um fato inédito: um evento indígena para celebrar a história da capital.

O evento, feito para divulgação da mostra, contou com a presença dos oito artistas plásticos indígenas que moram em Manaus e dois convidados do município Autazes, e da Venezuela o povo warao: Paulo Olivença, Tuniel Mura, Chermie Ferreira Kokama, Jaime Diákara Dessana, Kina Kokama, Otilia Warau, Tchanpan Marikawa, Kawena Marikawa.

As obras de arte são quadros em tela e madeira, cestaria, marchetaria, técnicas de pintura tradicionais, grafite e material orgânico da floresta.

O presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, disse que a realização da mostra está dentro do plano de governo do prefeito David Almeida, que começou com a criação da Aldeia da Memória Indígena, na praça Dom Pedro II, bem como outras ações como feiras e eventos voltados aos povos indígenas.

“A mostra tem forte repercussão local e possivelmente nacional, e marca o pagamento do passivo histórico desse silêncio de mais de 351 anos”, aponta Alonso.

Para a coordenadora do Copime, Marcivana Sateré-Maué, o evento despertou forte interesse da imprensa local por ser um tema que tem tido visibilidade pela atual gestão municipal sobre as questões indígenas. Ela lembra que vários artistas indígenas já vinham se destacando no eixo Rio-São Paulo em um movimento que vinha de fora para dentro.

“Desde o primeiro evento no memorial em abril, com a presença do prefeito David Almeida, as manifestações realizadas no espaço do santuário da praça vão gerando interesse da sociedade e da própria mídia em estar acompanhando os acontecimentos”, disse.

Arte indígena

Com essa mostra, Manaus entra no circuito de grandes cidades que valorizam a arte indígena, como no eixo Rio-São Paulo, com a tendência da arte raiz da ancestralidade, afirma a curadora da mostra Monik Ventilari.

“Nossa mostra é diversa e mistura o artista aldeado, que fez sua primeira tela e primeira exposição, como o Tuniel Mura, como Paulo Olivença, que está há várias décadas no mercado de arte. Além das obras clássicas, há objetos culturais como cestaria, cerâmica, entalhe, plumagem que trazem sua história e cultura”, explicou.

Com seu estilo universal impressionista, o veterano artista plástico Paulo Olivença explica que usa a linguagem do impressionismo para retratar seu universo indígena e amazônida, com objetos icônicos como o homem, a canoa e a flecha. Seus quadros estão avaliados a partir de R$ 4 mil, e ele justifica que sua carreira está consolidada com o reconhecimento do mercado e os prêmios que  ganhou ao longo da carreira.

O estreante no mundo das artes é filho do povo mura, vindo da aldeia Murutinga, no município de Autazes. Suas telas são expressões de sonhos e imagens de sua cultura, com a presença do boto no imaginário de sua gente.

A técnica de pintura é outra peculiaridade do artista que usa o capim pé-de-pinto para fazer seus pincéis. “Eu tentei pintar com pincéis tradicionais, mas não me adaptei, e decidi fazer minhas obras para a mostra, com o capim”, contou.

Presença Feminina

A presença feminina é muito expressiva na mostra com quatro artistas, entre novatas e reconhecidas no mercado de arte, representantes das visões e causas femininas, e se justifica pela própria cosmovisão dos povos indígenas que têm a mulher como figura central de suas culturas.

“A origem do mundo vem da mulher, e essa presença ancestral eles trazem para a gente, da cultura ocidental europeia”, diz Ventilari.

A artista Chermie Ferreira Kokama, tem 18 anos de carreira, e o grafite como técnica de origem. Hoje tenta levar para a arte de rua o estilo impressionista que está estudando. Morando em Manaus atualmente, ela começou uma carreira em São Paulo, sendo a primeira indígena a fazer parte da ZIV Galery, e fez uma série de obras no Beco do Batman, tradicional espaço do grafite paulista. Teve recentemente suas obras escolhidas para a exposição no cenário do programa Encontro com Fátima Bernardes, da rede Globo.

“Apresentei uma série de quatro quadros para esta mostra com as matriarcas da cultura indígena, utilizando seus saberes da medicina tradicional e a necessidade da gente continuar passando para as novas gerações”, explica Chermie.

Mostra

A 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus vai ter a abertura oficial ao público no dia 22 de setembro e fica até 25 de outubro, culminando com o aniversário de 352 de Manaus, no salão de entrada do Palácio Rio Branco, na avenida 7 de setembro, praça Dom Pedro II, Centro Histórico de Manaus.

É a primeira vez em 352 anos de existência que a capital amazonense vai ter uma mostra genuinamente indígena com a participação de oito artistas e mais o centro indígena Bahserikowi, com objetos dos povos Tukano, Dessana e Tuyukas do alto rio Negro. Além de Manaus, foram convidados uma artista do povo warao da Venezuela e outro de uma aldeia mura de Autazes.

A mostra indígena reúne os mais variados estilos de arte, com quadros retratando os grafismo ritualísticos e antropológicos, bem como a arte urbana das novas gerações que vivem na capital, esculturas e objetos que retratam as várias culturas presentes como a Mura, Kokama, Dessana, Tukano, Tuyuka e Warao. A criatividade indígena como arte é expressa na pintura corporal, nas cerâmicas, plumagens, nos artefatos, nas cestarias e nas máscaras com representações de suas cosmografias.

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