Cidade

Prefeitura de Manaus e lideranças indígenas participam da 7ª reunião da Copime

Para debater os avanços do município em relação aos povos indígenas, a Prefeitura de Manaus participou de um grande encontro com 83 lideranças indígenas das comunidades da capital e entorno, dos povos kokama, mura, saterê-mauê, kambeba, dessana, ticuna, puri, munduruku e baré, com a realização da 7ª reunião ordinária da Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), na comunidade Terra Preta, no médio rio Negro, que teve como tema: “Território e meio ambiente: povos indígenas e o direito à cidade”. 

Realizado na última sexta-feira, 20/8, o encontro teve como convidado na mesa de abertura dos trabalhos o presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Tenório Telles, que abordou a agenda positiva da gestão David Almeida em relação à política cultural adotada pela administração municipal, que tem realizado ações de resgate de indígenas, como a inauguração do Memorial Aldeia da Memória Indígena, realização de cursos de formação profissional e a criação de espaços para realizar atividades dos “Saberes e Fazeres Indígenas”, e a realização em setembro da 1ª Mostra da Arte Indígena de Manaus.

“O resgate da cultura ancestral e a participação das lideranças indígenas são práticas dessa gestão do Concultura, que tem a orientação do prefeito David Almeida de acolher e incentivar as iniciativas dos povos que deram origem a nossa cidade”, ressaltou Telles.

A coordenadora da Copime, Marcivana Saterê-Mauê, fez um balanço otimista dos sete encontros realizados pelas lideranças dos povos indígenas residentes em Manaus e entorno.

 “Mesmo com as limitações da pandemia, tivemos uma presença significativa das 83 lideranças de comunidades, mostrando que o movimento está forte, coeso e atento às grandes questões que nos ameaçam e às oportunidades para melhorias na saúde, educação, cultura e política”, analisou, destacando que mesmo tendo representação em cadeira no Concultura há quatro anos, somente nesta gestão as políticas aos indígenas são tomadas a partir de consulta às lideranças, e não impostas de cima para baixo. “Somos gratos e foi um marco a atitude do prefeito David Almeida, que reconheceu nossa importância e protagonismo na formação de nossa cidade de Manaus”, disse Marcivana.

O deputado federal José Ricardo (PT) fez uma apresentação dos projetos de lei que ameaçam os povos indígenas e estão tramitando no Congresso Nacional. Segundo ele, das 1.298 terras indígenas do país, apenas 31% estão devidamente registradas e garantidas em lei, as outras 69% correm sérios riscos de ameaças, seja pela ação direta do governo federal em não assinar as leis ou por novos projetos de leis em tramitação no Congresso, como os de número 590/2007, 2.633/20, 3.729/20 e 28/20. “São projetos de lei que acabam com demarcações, retiram os direitos de terras indígenas em áreas urbanas, grilam áreas indígenas etc”, afirmou o deputado.

Comunidade

A comunidade Terra Preta tem 35 anos de existência como uma aldeia do povo baré. Antes disso, a ilha era uma propriedade de um agricultor japonês que empregava alguns indígenas que herdaram a terra depois da morte do proprietário.

O cacique da comunidade indígena, Clodoaldo Baré, conta que seu pai e sua avó são pioneiros e fundadores da aldeia Terra Preta, e ali construíram uma escola, que hoje é de alvenaria, com quadra de esportes. “Hoje nossa comunidade é modelo de organização com escola, caixa d’água, professores indígenas, igreja evangélica indígena e esse campo oficial de futebol no centro da aldeia”, disse o líder local.

Atrações

O ritual da tucandeira foi realizado durante o encontro com uma apresentação especial com um convidado adulto, o bibliotecário Pablo Lopes (que significa Cururu Chipú – pássaro selvagem), do povo puri, do Rio de Janeiro, casado com a bibliotecária Tsuni Kokama, do povo kokama, mestranda em antropologia social. “Esta é a segunda sessão do ritual da tucandeira que faço e pretendo cumprir as 20 necessárias para ficar devidamente imunizado, conforme orientam os sábios do povo saterê-mauê”, afirma Lopes.

A pequena Taissa Kambeba, 12, (que significa Ta’isa – meu macaco, na língua kambeba) fez uma declamação de um poema sobre seu povo kokama, que resgata e reforça o elo com a cultura e autoestima de sua gente.  Acostumada a se apresentar em eventos, a performance da adolescente encantou os presentes.

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