Tecnologia

Pioneiro: projeto da UEA cria sistema eletrônico de vigilância sobre poluição do ar e queimadas na Amazônia

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Desenvolvido por pesquisadores da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas (EST/UEA), o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) é uma plataforma on-line que monitora a ocorrência de queimadas e a qualidade do ar no estado, com base em sensores de qualidade do ar de baixo custo (montados pelo grupo de pesquisa da EST), dados de satélites ambientais e estimativas de modelos numéricos de qualidade do ar.

A plataforma é parte do Programa de Educação Ambiental sobre Poluição do Ar (EducAIR), liderado por pesquisadores da UEA, com o apoio da Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (Fuea) e da Fundação Cuomo, sediada na França.

O EducAIR foi pensado para contribuir na mudança da realidade da próxima geração dos povos amazônicos frente à grande ameaça das queimadas que ocorrem na região e os impactos das suas emissões na qualidade do ar. A iniciativa visa despertar o ambientalismo interno nos jovens estudantes, principalmente aqueles de escolas públicas.

O programa foi desenhado para conscientizar os estudantes da Amazônia de como as ações da humanidade afetam a qualidade do ar em ambas as formas, positivas e negativas. Ao trazer à tona esse conhecimento e informações sobre o que respiramos, espera-se criar uma compreensão compartilhada de quais podem ser caminhos certos à frente.

De acordo com os coordenadores do projeto, os professores Rodrigo Augusto Souza e Igor Oliveira Ribeiro, os desafios para combater essa realidade da poluição do ar e degradação da Amazônia são grandes, e a educação é peça-chave neste quebra-cabeça. Segundo eles, conscientizar os alunos dos ensinos Fundamental e Médio, e consequentemente suas famílias, sobre a importância do ar limpo e da conservação da Amazônia é o pilar central do EducAIR.

“Uma das formas de atingir os alunos nesse processo de educação ambiental é trabalhar a inclusão de tecnologias. Então, surgiu a ideia de contextualizar as queimadas e a qualidade do ar com o uso de tecnologia, alinhado com as novas bases curriculares recomendadas pelos órgãos de controle da educação. A expectativa é que esse projeto cresça e atinja o maior número de escolas em todo o Amazonas”, destaca Rodrigo Souza.

Sobre o projeto Selva, acrescenta o docente, o objetivo é disponibilizar as informações de maneira amigável para a população, de forma simples, acessível e de fácil interpretação.

“Esse projeto é pioneiro na região amazônica por vários fatores, entre eles a composição do equipamento com sensor de baixo custo, a pulverização da informação para diferentes regiões e a oportunidade de disponibilizar, pela primeira vez, os dados de maneira totalmente acessível e compreensível para os 62 municípios do Amazonas. O foco é entregar essas informações para a sociedade para popularizar a ciência”.

Igor Oliveira explica que os estudantes aprenderão a medir a poluição do ar por partículas em suas escolas e comunidades, por meio de um sensor de monitoramento em tempo real, de baixo custo, e da plataforma on-line Selva (www.appselva.com.br). Ele ressalta também a possibilidade da plataforma de monitoramento ser utilizada como ferramenta de apoio para nortear políticas públicas no sentido de melhorar a qualidade do ar na região, principalmente no período de queimadas.

Por fim, o coordenador revela a expectativa de que novos parceiros se juntem a esta iniciativa, para que outros municípios do Amazonas também participem desta ação.

Cenário atual

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição do ar é “um assassino silencioso” que mata 7 milhões de pessoas por ano, das quais 600 mil crianças. Grande parte da população mundial (91%), por volta de 2 bilhões de crianças, vive em locais onde a poluição do ar excede os níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na Amazônia, as queimadas florestais e o desmatamento têm um papel importante na emissão de partículas poluentes para a atmosfera, elevando a concentração destas no ar de forma significativa.

FOTOS: Gerson Freitas/Ascom UEA

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