O Turiaçu é uma das variedades de abacaxi de origem amazônica, cultivada no Amazonas, principalmente, por produtores da região do Novo Remanso, em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus) e do município de Turiaçu, no Maranhão. A espécie, que necessita de estudos agronômicos para melhoria da produtividade e qualidade dos frutos, foi objeto de estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Intitulada “Geração e Transferência de Tecnologias para a Cultura do Abacaxi no Estado do Amazonas”, a pesquisa desenvolvida na Embrapa Amazônia Ocidental, sob a coordenação do pesquisador Marcos Vinicius Garcia, promoveu a transferência das técnicas agrícolas básicas aos produtores que trabalham com outras variedades cultivadas no Brasil, bem como da geração e adaptação de novas tecnologias de cultivo da variedade Turiaçu no Amazonas.
“O estudo contribui, a longo prazo, para a sustentação de uma das atividades agrícolas crescentes no estado do Amazonas, onde estão incluídos produtores rurais de base familiar”, disse o pesquisador.
Segundo ele, entre as tecnologias transferidas aos produtores destacam-se: o manejo integrado de pragas e doenças do abacaxizeiro, permitindo a redução do uso de defensivos químicos; as técnicas racionais de aplicação herbicidas para manejo de ervas daninhas, que promovem maior eficiência no controle do mato e evitam aplicações excessivas de defensivos.
Além disso, foi realizado um estudo sobre aplicação de fertilizantes em quantidades mínimas para alcançar boa produtividade e qualidade de frutos, reduzindo a perda de fertilizantes, assim como da técnica de rotação de cultivos do abacaxizeiro com pastagens (integração lavoura – pecuária – ILP), que permite a formação de pastagens produtivas e interrompe o ciclo de pragas e doenças do abacaxizeiro.
“Embora a maioria dos produtores já conhecessem as técnicas básicas de cultivo do abacaxizeiro, pode-se observar que importantes práticas de cultivo que visam à sustentabilidade agrícola ainda eram pouco adotadas e por este motivo a pesquisa foi proposta”, explicou Marcos Vinicius.
Ele reforça ainda a necessidade de estimular o uso de técnicas para o manejo agrícola conservacionista, que conduzem à preservação do solo e reduzem as contaminações ambientais que foram o principal objetivo da pesquisa.
Capacitação
As capacitações aos produtores foram realizadas por meio de cursos, palestras e reuniões. Ao todo, 40 produtores de Itacoatiara e 30 do Careiro da Várzea (a 25 quilômetros de Manaus) participaram das atividades.
Durante os treinamentos foram repassadas as diferentes práticas que constituem o sistema de produção, desde a seleção de mudas, preparo do solo, aplicação de fertilizantes, plantio das mudas, controle de pragas e doenças, e práticas de colheita.
Além da Embrapa Amazônia Ocidental, o projeto contou com a participação do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam) e Associação dos Produtores de Abacaxi da Região de Novo Remanso.
Conforme Marcos Vinicius, o estudo contribui, a médio prazo, para o aumento do rendimento da cultura na ordem de 15% (reduzindo perdas e melhoria da qualidade dos frutos) e reduzindo os custos de produção, por meio da otimização na aplicação de fertilizantes e pesticidas.
No segmento ambiental, a pesquisa contribui, a longo prazo, para reduzir os danos ambientais pela adoção das boas práticas de produção, tais como uso correto de fertilizantes e redução de aplicações de pesticidas.
Amazonas Estratégico
O estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa Amazonas Estratégico, da Fapeam, que contribui para a ampliação e fortalecimento da produção, processamento industrial e comercialização de frutas, a partir do desenvolvimento científico e tecnológico, visando alavancar a economia do interior do estado do Amazonas.
FOTOS: Érico Xavier/Fapeam