Em um mundo cada vez mais digital, a utilização de ferramentas tecnológicas pelas empresas é considerada um fator de diferenciação e competitividade. Entre as micro e pequenas empresas (MPEs), o caminho a ser percorrido ainda é longo, segundo pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Fundação Getulio Vargas (FGV). Ao menos 18% das empresas desses portes ainda se encontram na chamada fase analógica da transformação digital.
Os pesquisadores entendem essa transformação como a capacidade de modernização do modelo de negócio vigente, por meio do uso de ferramentas digitais, para atender a mudança no perfil do consumidor e nos formatos de consumo de produtos e serviços. É uma pauta que vem aparecendo na agenda das empresas nos últimos 10 anos. Apesar do percentual de MPEs ainda na fase analógica ser significativo, a maior parte delas já iniciou essa caminhada rumo à digitalização, com 48% das MPEs alcançando o segundo nível, chamado de iniciante.
Nesse nível estão as empresas que estão realizando esforços para se digitalizar, mas ainda possuem uma estrutura e modelo de negócio tradicionais. A pesquisa mostrou que a principal dificuldade para as empresas de menor porte investirem em transformação digital é a falta de recursos. Ao menos 38% das organizações consultadas apresentaram essa justificativa. Em segundo lugar, a justificativa foi a dificuldade em obter ajuda para realizar essa transformação e, em terceiro, a dificuldade de compreender quais deveriam ser as prioridades de investimento para a digitalização da empresa.
Há 10 anos atuando com Tecnologia da Informação (TI), José de Faria Oliveira explica que as pequenas e médias empresas podem iniciar sua transformação digital estruturando o setor de TI da organização e, para isso, dá para começar devagar, respeitando limites de orçamento.
“O fator econômico é muito importante, visto que pequenas empresas muitas vezes não têm capital suficiente para investir em uma boa infraestrutura de TI, podendo terceirizar muitas necessidades dessa área. Hoje já existem ferramentas em nuvem com baixo custo e ágil implementação como servidores de dados, aplicação, e-mail, antivírus. Estes são serviços principais para centralização de informação e organização que uma empresa necessita para rodar suas aplicações básicas”, aconselha o profissional.
Com a economia nessas ferramentas, na visão de Oliveira, a empresa poderá investir em computadores para os colaboradores ou em softwares para gestão. Ele ressalta que ao decidir onde investir, a empresa deve priorizar a contratação de uma equipe de TI. “A equipe de profissionais deve ser o maior investimento pois são estes que serão responsáveis por lidar com problemas do dia a dia dos usuários, administrar a rede, administrar os sistemas, gerenciar tecnologias, cuidar da segurança da informação”, explica.
Terceirização – José Oliveira ressalta que essa contratação, no entanto, pode ser terceirizada, uma vez que há empresas especializadas em gerenciar serviços de TI para outras organizações. Essa prática permite a economia de tempo e recursos com contratação de profissionais.
“Pequenas e médias organizações podem contratar uma empresa que possua profissionais e ferramentas prontas para implementarem um gerenciamento completo de TI, fazendo com que não precisem contratar, por exemplo, um técnico de manutenção, um programador, um analista de rede, um gestor de Tecnologia, tendo gastos com formalização, férias, licenças etc.”, explica.
Contratação de profissionais de TI deve ser prioridade
De acordo com o profissional de TI, o investimento das empresas em profissionais – próprios ou de empresas terceirizadas – deve ser prioridade para quem tem recursos limitados. Isso porque bons profissionais poderão indicar as tecnologias mais adequadas e com o melhor custo-benefício.
“São os profissionais que vão determinar como sua empresa vai ampliar sua transformação digital indicando a compra de softwares certos para seu segmento, de ferramentas certas para sua empresa, possibilitando a economia de investimento com aquisição de equipamentos ou inovações. Por conta disso, penso que hoje o setor de TI está muito mais ligado ao profissional contratado do que aos equipamentos adquiridos”, opina José de Faria Oliveira.