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Ilze: a primeira médica da etnia Baniwa formada pela UEA

Era uma vez uma menina da etnia Baniwa. Ela nasceu na cidade de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus), um lugar cercado por natureza e habitado, em sua maioria, por indígenas de várias etnias. Ilze foi criada com mais seis irmãos e cresceu observando as dificuldades enfrentadas pelo seu povo. Ao concluir o Ensino Médio, decidiu realizar o sonho de ser médica e assim, ajudar a comunidade onde vivia. Em 2014, Ilzinei da Silva, se inscreveu no vestibular da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e conquistou uma das vagas para o curso de Medicina.

A partir daí a vida virou uma locomotiva. Já casada com Osvaldo Pontes, egresso da UEA do curso de Química, a caloura batalhou e completou a graduação. Osvaldo Pontes diz que a formação pela UEA foi uma grande conquista para o casal e para o povo Baniwa. “A conheci em 2011, e desde aquela época, era muito difícil alguém da nossa cidade vir para Manaus, devido ao alto custo. Eu vivi um pouco o sonho dela durante esses anos. Ela é a primeira médica Baniwa da nossa região. Um orgulho muito grande.”, comentou.

Atualmente, Ilze é oficial médica temporária do Exército brasileiro e atua na região em que nasceu. “Voltei para ajudar a minha gente. Vou me especializar em ginecologia e socorrer as mulheres que tanto necessitam de um parto humanizado. Sou grata à UEA por ter me dado a oportunidade de mudar a minha vida e a de tantas outras pessoas que vivem em São Gabriel”, disse.

Zona Franca e a UEA – Ilze está com quase nove meses de gravidez, à espera do segundo filho, Davi. De passagem por Manaus, ela e o marido, que também é Baniwa, visitaram a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e foram recebidos pelo superintendente, General Algacir Antônio Polsin e pelo adjunto, Manoel Amaral Filho, que conheceram a história do casal e ficaram sensibilizados.

“Por meio dessa ligação entre a Zona Franca, a UEA e a população indígena, temos a condição de ter uma profissional com capacidade para dar atenção a seus parentes no próprio idioma deles. Além disso, mais do que o atendimento de saúde, eu vejo como um exemplo de vida de que a população dos lugares mais distantes tem condições de se capacitar e dar retorno à sua comunidade, graças à UEA e ao modelo da Zona Franca.”, enfatizou Polsin.

Ao falar sobre o modelo da Zona Franca, o superintendente adjunto da Suframa, Coronel Manoel Amaral Filho reafirmou a importância da formação profissional da população indígena para as comunidades e povos presentes em todo o Amazonas.  “É a mostra viva de que o modelo pensado em 1967 traz benefícios para a região como um todo. É um casal de indígenas que, se utilizando de uma das maiores universidades do mundo, está devolvendo às regiões mais distantes da Amazônia o conhecimento adquirido durante a formação.”, destacou.

Para o Reitor da UEA, Cleinaldo de Almeida Costa, o exemplo da médica Baniwa vem no momento mais importante da Instituição. “Comemoramos 20 anos da nossa UEA em 2021, conquistamos posições importantes e de destaque em rankings mundiais de educação e pesquisa, formamos novos profissionais e demos um salto no número de mestres e doutores. A presença da UEA no interior é de suma importância para a preservação e constante desenvolvimento da região. Que alegria saber que a Dra.Ilse está fazendo a diferença e atuando na melhoria da qualidade de vida de nossos irmãos indígenas”, concluiu.

FOTOS: Guilherme Oliveira/Ascom UEA e Arquivo/Ilze

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