Lugar que representa um dos marcos na instalação do comércio e da navegação marítima na região, o casario do Booth Line, com suas janelas e portas, referência de patrimônio da capital, vai resgatar o conceito de entreposto internacional por meio de um projeto que contará com a parceria da Prefeitura de Manaus, Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), o grupo Uai Shopping e a Fundação Doimo.
Nesta quinta-feira, 2/9, o presidente do TCE-AM, conselheiro Mario de Mello, teve reunião com os integrantes do projeto “Nosso Centro”, da prefeitura, e a empresa, para tratar sobre a revitalização do espaço do Booth Line, local onde funcionou uma das primeiras sedes da corte de contas.
A expectativa é a de que no dia 14/10 o projeto seja oficialmente apresentado durante uma solenidade com o possível lançamento da pedra fundamental do futuro empreendimento privado. O espaço se junta a uma série de 38 intervenções projetadas para o Centro, pela gestão David Almeida, para os próximos 4 anos.
Presente
“Indiscutivelmente é um presente para o tribunal e para o Estado do Amazonas, estamos muito felizes com essa iniciativa. Um projeto de anos e que vemos de forma muito positiva ele ser encaminhado para ser concretizado”, avalia o conselheiro-presidente do TCE-AM, Mario de Mello, ao destacar a importância que a reestruturação do complexo terá para o Amazonas, ampliando o turismo e a valorização histórica na região central da capital amazonense.
Segundo Mello, haverá uma formalização, um termo de cooperação técnica entre a Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), o grupo Uai Shopping e a corte.
Conforme o empresário e membro da Fundação Doimo, Elias Tergilene, um dos idealizadores do projeto, o grupo é uma joint venture atuando em mais de oito países, incluindo Itália e China, e que vai buscar o que existe de mais moderno para a proposta de Manaus.
“Vamos buscar o que há de mais moderno nessa configuração de museu, para que o museu do Tribunal de Contas do Amazonas seja um dos mais tecnológicos do Brasil ou até do mundo, para que retrate toda a história da corte de contas”, infirma Tergilene.
Ele lembra que o complexo Booth Line é um grande receptivo para quem chega nos transatlânticos na capital e a revitalização dessa área será o início para que outros pontos e espaços do Centro Histórico de Manaus, antigos ou abandonados, passem por um processo de reforma e modernização.
“Há 12 anos compramos a propriedade e temos hoje os pré-requisitos de licenciamento, a contrapartida do museu e estamos trabalhando na parte da tramitação legal. Os estudos arquitetônicos e históricos são os que vão demandar mais tempo, mas a previsão do grupo é de construir o futuro shopping Booth Line, a parte interna, em 18 meses”, explica o empresário, que considera o empreendimento um resgate da vocação de origem do Booth Line.
“Tem uma etapa de restauro das fachadas e após essa etapa, historiadores vão fazer as avaliações. Queremos resgatar o conceito de tudo o que se viveu na região, quando o leite em pó e o sorvete, por exemplo, eram importados e se exportava a castanha e a borracha. O complexo é onde a selva amazônica interagia com a Europa, pelo comércio, e queremos reviver isso. A castanha, o tucupi, as essências, ervas, tudo o que vem da floresta, unificando com a cachaça de Minas Gerais, o queijo, o vinho do Rio Grande do Sul”, pontua.
O diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente, lembra que a integração entre poder público e iniciativa privada é um dos eixos da administração David Almeida, incluindo reduzir custos da máquina municipal e oferecer aos empreendedores melhores condições de negócio na capital.
“Podemos induzir e incentivar parcerias agilizando processos de licenciamento, o que já estamos fazendo, e analisando questões que integrem ações para redução geral de custeio, sinalizando para outros empresários que é possível investir de forma rápida e segura na cidade, especialmente no Centro”, observa.
Valente vê o empreendimento, de aproximadamente 15 mil metros quadrados, como um dos mais robustos e de grande porte para a região, com características peculiares de agregar agricultura familiar, extrativismo, artesanato, cultura, gastronomia, lazer, turismo e negócios, reunindo as regionalidades do Brasil.
“A escala é montar um entreposto nacional e Manaus, por suas características específicas, de sustentabilidade e de produtos, foi escolhida para ser um Mercado de Origem. Num segundo momento a ideia é poder exportar estes itens. A Fundação Doimo tem aporte de grupos na Itália e na China”, comenta.
Ainda segundo ele, o futuro shopping vai se somar a outros projetos do prefeito David Almeida, com uma escala semelhante para o turismo e negócios locais, como o Mirante da Ilha.
Um dos próximos passos para a construção a três mãos, em sintonia com o projeto “Nosso Centro”, é formalizar a cooperação técnica e somar as ações com o Instituto Nacional de Patrimônio Histórico (Iphan-AM). “O Iphan é a entidade fundamental por seu olhar objetivo no sentido de guarda, de resguardar e de revitalizar o patrimônio histórico”, complementa Valente.
Estrutura
Dentro da reestruturação do complexo, a primeira sede do TCE-AM funcionará como um laboratório histórico, apresentando o passado da corte de contas, estudando as atuais funcionalidades do tribunal e dando artifícios para a sociedade futura entender o papel do TCE no estado.
Ainda de acordo com o presidente do tribunal, Mario de Mello, o TCE-AM irá iniciar os trâmites para finalização e assinatura do acordo de cooperação entre a corte de contas, a Prefeitura de Manaus e a Fundação Doimo.
Além do diretor-presidente do Implurb, Carlos Valente; do presidente do TCE-AM, Mario de Mello e de técnicos da corte de contas; dos empresários Elias Tergilene, Bernard Martins e Romero Reis; também participaram da reunião, o diretor-presidente da Manauscult, Alonso Oliveira; o titular da Subsecretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Semjel), Platiny Soares; e o chefe do Departamento de Pesquisa e Memória do TCE-AM, Josetito Lindoso.
Projeto
O projeto privado do complexo Booth Line prevê restauro e requalificação de espaços urbanos com foco na infraestrutura de varejo e empreendedorismo. Instalado onde existia a antiga Bolsa da Borracha, o edifício é datado de 1890. O espaço receberá um modelo do Mercado de Origem, que tem instalações hoje de Belo Horizonte (MG) a São Paulo (SP), incluindo propostas para Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Maranhão e Amazonas.
O Mercado de Origem tem conceito de arquitetura sustentável, oferecendo mix de gastronomia regional e do Brasil, versátil para reunir família e amigos, para almoços de negócios e turistas, em espaços abertos, terraços e áreas de convivência, lembrando mercados mais antigos, como o Central de Belo Horizonte, mas também com o foco na modernidade, como dos novos mercados como o Little Spain, no Hudson Yards, em Nova York, e o Chelsea Market, na mesma cidade.