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Empresas miram na experiência de profissionais de 50+

O Brasil dos jovens, cada vez mais dá espaço à população madura. Já são mais de 55 milhões de brasileiros com mais de 50 anos, ou, 26% do total da população do país nesta faixa etária. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que projeta que em 2030, o número de brasileiros com mais de 65 anos será maior do que o de crianças. 

Essa tendência de envelhecimento da população brasileira combinada com a diminuição da fecundidade, leva a projeção do IBGE de que em 2060, um em cada quatro brasileiros será idoso.

É diante desse cenário que outra questão vem à tona: a empregabilidade das pessoas com mais de 50 anos. O IBGE mostra que a taxa de desemprego dessa faixa da população é de 7% e que ela mais que dobrou nos últimos dez anos.

Segundo o IDados, consultoria especializada em análise de dados, o Brasil tem hoje cerca de 1,4 milhão de pessoas com mais de 50 anos sem trabalho. As mudanças recentes nas regras previdenciárias indicam que número deve continuar subindo, uma vez que a faixa de aposentadoria aumentou para 62 anos entre as mulheres e 65 para os homens. Dessa forma, a tendência é que as pessoas permaneçam por mais tempo no mercado de trabalho.

A experiência dos profissionais com mais de 50 anos tem atraído o interesse das empresas.  Caso do Grupo Daycoval, instituição da área financeira, vem ampliando a contratação de pessoas com esse perfil. Em 2022, a empresa admitiu 80 pessoas com mais de 50 anos, representando cerca de 5% do novo quadro de funcionários. Desse total de recém-contratados, 69 pessoas são da chamada Geração X, ou seja, os nascidos entre 1965 e 1980. Outras 11 pessoas estão entre os chamados babyboomers, nascidos entre 1946 e 1964.

“Ver pessoas mais maduras no dia a dia do trabalho é um incentivo também aos mais jovens, pois eles enxergam exemplos a serem seguidos e sabem que, quando chegar a vez de eles, o mercado de trabalho estará mais aberto e mais do que isso, o Daycoval tem outra cabeça.”, acrescenta Carla Zeitune, diretora de Recursos Humanos do Banco Daycoval.

A contratação de pessoas mais experientes é intencional e estratégica para o  Daycoval.  Atualmente, a empresa possui no seu quadro 380 colaboradores entre 50 e 59 anos e outros 94 a partir dos 60 anos, representando 14% do quadro de trabalhadores do grupo.

Em 2018, eram 249 pessoas acima dos 50 anos entre os colaboradores do Daycoval. No ano seguinte, o índice de contratações com este perfil foi de 7%. Sendo 56 novos funcionários nascidos a partir de 1946. Já em 2020, foram 33 novos contratados 50+ – um reflexo da pandemia vivida no país e no mundo. Em 2021, a quantidade de contratações cresceu novamente, chegando a 82 pessoas.

Normalmente, essas pessoas possuem qualificação diferenciada em razão da experiência profissional ou do conhecimento acumulado. E, naturalmente, pela maturidade profissional conquistada, se mostram mais estáveis. Apesar de um cenário que aparentemente é adverso para quem já completou meio século de vida, as contratações do grupo refletem uma nova tendência de abertura das grandes empresas para este grupo etário, com a oferta de novas vagas.

“Profissionais com 50+ podem contribuir muito com o desenvolvimento da instituição, inclusive atuando em momentos mais complicados, em que a maturidade profissional exige uma postura diferenciada”, explica a diretora de Recursos Humanos do Grupo Daycoval.

Um estudo da EY em parceria com a Maturi, plataforma de realocação profissional, mostrou que a partição do público 50+ no mercado de trabalho não ultrapassa os 10% no país. A pesquisa ouviu 191 empresas de 13 setores, como serviços, financeiro, varejo, automotivo, agronegócio, saúde e tecnologia, além do setor público. Em relação ao número de colaboradores, 35% das empresas possuem até mil pessoas em suas equipes, enquanto 18% contam com mais de 10 mil pessoas.  Do total, 80% delas não contam com políticas específicas de combate à discriminação etária em seus processos seletivos. 

O estudo mostrou que, assim como o Grupo Daycoval, empresas como Credicard passaram a olhar para os profissionais 50+. De acordo com a pesquisa da EY/Maturi, eles criaram um  programa Estagiário Sénior, para a contratação de profissionais 50+. “Vimos que tínhamos muitos clientes 50+ e poucas lideranças nessa faixa etária. Além disso, no processo de modernização do negócio, nossa comunicação (feita por um time bastante jovem) ficou descolada desse público e não entregava o que precisava”, conta Cibele Pasini, gerente de negócios digitais da Credicard.

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