A campanha visa identificar sinais de que a criança está sofrendo abuso infantil
Um aulão de ritmos para adultos, seguido de panfletagem e orientação, marcou a abertura da Campanha de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Centro de Convivência da Família Padre Pedro Vignola, situado na Cidade Nova, zona Norte, na manhã desta terça-feira (16/05). A programação se estendeu na parte da tarde com uma blitz comunitária com panfletagem e orientação no bairro Riacho Doce, nas adjacências do centro. A Campanha é celebrada nacionalmente no dia 18 de maio, com o slogan “Faça Bonito”.
Os demais Centros de Convivência da Família, um total de seis, e o do Idoso (Ceci), todos mantidos pelo Governo do Amazonas, sob o comando da Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), estão realizando a campanha na comunidade onde estão inseridos, visando esclarecer que o abuso sexual contra crianças e adolescentes é crime e deixa efeitos devastadores, entre os mais comuns, medo, mudanças comportamentais, baixa autoestima e dificuldades de estabelecer vínculos afetivos.
A diretora do Padre Pedro, Elizabeth Maciel, destacou a importância de mobilizar a sociedade como um todo nessa questão. Segundo a assistente social, essa responsabilidade não é apenas do Governo, mas de toda a sociedade, para que esse silêncio seja quebrado e a realidade mude. “Se vocês pais, avós, vizinhos, conhecem ou suspeitam que alguma criança ou adolescente esteja sofrendo violência, denuncie e seja a voz daqueles que não podem falar”, frisou aos presentes.
Elizabeth Maciel lembrou aos pais e responsáveis sob o cuidado com a internet, ferramenta na qual a grande maioria dos jovens ‘estão hibernados’, o que pode se tornar um perigo. “Você precisa observar com quem seu filho, ou filha conversa, o que é tratado nesse diálogo, porque numa dessas conversas pode ser com aliciadores, pedófilos, o que se traduz num perigo constante e até fazer a criança perder a infância”, mencionou.
Atenção redobrada
Usuário do Projeto Respirar, no Padre Pedro, Luiz Otavio do Santos Gouveia, 61 anos, disse que ideia da campanha é excelente para pais e responsáveis ficarem mais atentos com suas crianças e adolescentes. O idoso lembrou que os recentes episódios de agressão e até mortes, ocorridas em escolas públicas e particulares, em nível nacional e local, é em sua maioria reflexo da falta de cuidado dos pais. “As crianças de hoje são criadas, em sua maioria, sem orientação básica, fazendo o que querem e quando recebem um não se rebelam e partem para agressão”, frisou.
Moradora da Cidade Nova, Fernanda Castro, 58 anos, iniciou as atividades no Padre Pedro, há uma semana, fazendo aula de ritmos, e hoje participou das atividades sobre o “Maio Laranja”, expressão criada para dar ideia de usar uma flor como símbolo da campanha, haja vista, a flor remeter aos desenhos da primeira infância, fazendo assim uma associação entre a fragilidade de uma flor com a de uma criança. “É importante esse trabalho que o centro está fazendo, principalmente para as famílias carentes, pelo fato do assédio sexual em crianças e adolescentes estar fazendo muito mal a nossa sociedade”, lamentou.
A data escolhida para a campanha de conscientização (18 de maio), foi devido o “Crime Araceli”, uma menina de oito anos de idade que teve seus direitos humanos violados e foi cruelmente assassinada no ano de 1973, em Vitoria (ES). Desde então, a data tem o objetivo de mobilizar e reafirmar a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as crianças e adolescentes.
FOTOS: Juliana Siqueira/Seas