Uma viagem virtual de Manaus até Barreirinha, onde foram construídas as casas do poeta, jornalista e diplomata Thiago de Mello, vão compor um dos espaços da exposição permanente programada para o casario amarelo na rua Bernardo Ramos, que está em reforma pela Prefeitura de Manaus, dentro do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida.
Em reunião com a filha do poeta, Isabella Thiago de Mello, com equipe do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), foi feito novo detalhamento de instalação e ocupação do imóvel para acompanhar a obra de reforma e de restauro.
O casarão estará integrado ao Largo de São Vicente e ao Mirante Lúcia Almeida, as primeiras intervenções do “Nosso Centro”, cujas obras têm prazo de 300 dias corridos.
Com um acervo tão grandioso do homenageado, o desafio ficará a cargo ainda dos trabalhos de curadoria da museóloga Vera Lúcia Souza, para usar o material de 70 anos de profissão. Thiago de Mello faleceu em 2022, aos 95 anos de idade.
A exposição permanente que será abrigada no imóvel terá tecnologia para acesso ao mundo, com passeios virtuais pelo casarão, expondo ao máximo possível todo o patrimônio que o artista deixou.
“Alinhamos pontos e detalhes do projeto, de cada ambiente do casarão após a obra concluída. E também para conhecer a ambiência que o Instituto Thiago de Mello está imaginando para a ocupação, as atividades que serão desenvolvidas, a sala multiuso, que pode ser uma futura sala de cinema. São detalhes que fazem parte do conjunto da intervenção e precisam estar integrados com o andamento da obra”, explicou o diretor de Planejamento do Implurb, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
Com o casario integrado ao Largo de São Vicente e ao Mirante Lúcia Almeida, seus equipamentos e atrações vão potencializar a visitação e o conhecimento da vida e da história do poeta.
“Teremos a exposição, a reprodução das casas de Barreirinha, e um café, que se conecta ao largo, explorando o sombreamento das árvores. Todas as árvores no entorno do imóvel serão mantidas e esta ambiência vai permitir que as pessoas caminhem pela sombra e permaneçam mais tempo no espaço”, comentou o arquiteto.
A filha Isabella vem trabalhando há anos na biografia do pai, estudos que renderam dois documentários e dois livros. Ela é presidente do Instituto Thiago de Mello e a parceria com a Prefeitura de Manaus vai dar espaço único à memória do autor de “Manaus, amor e memória” (1984), que retrata a capital que foi tão importante na sua vida.
“A obra está adiantada e parece um milagre, do mundo da engenharia e da arquitetura. E a reunião foi para pontuar questões específicas da futura exposição, uma grande troca de ideias com o Pedro Paulo, que tem um lado técnico e também um lado artista. Além da biografia do poeta, temos a história de um casarão valioso e fazemos questão de acompanhar o cenário do século 19, com o mobiliário, inclusive. Queremos que as pessoas conheçam e mergulhem em como era um casarão do século 19, ter esse respeito por esta casa, dentro de uma rua tombada pelo patrimônio histórico”, disse a filha.
Para Isabella, tem a história do curumim que nasceu no interior da floresta e que ganhou o mundo. E este mundo estará retratado em cartas trocadas com Pablo Neruda e outros escritores; no seu lado diplomata; na integração cultural com os poetas da América Latina e na paixão por Manaus. “Teremos as maquetes do arquiteto Lúcio Costa, das casas de Barreirinha, e de forma virtual se fará a viagem de Manaus até lá, no Porantim, onde viveu este ícone da literatura moderna brasileira. E a linha do tempo contará com a tecnologia integrada, dando acesso a essas paisagens, cenas e até para se ouvir os poemas declamados, dentro de uma linguagem museológica”, completou.
Projeto
Com projeto arquitetônico desenvolvido pelo Implurb, o casario está sendo reformado e restaurado, localizado na rua Bernardo Ramos, 66, Centro, com térreo e pavimento superior, que terão uma função de elo com a vida do poeta, reproduzindo, inclusive, cenas da sua vivência na casa construída em Barreirinha, sua terra natal na Amazônia.
O projeto vai dar ao espaço sala e salão de exposição, biblioteca, um café, um quarto Thiago de Mello, sala multiuso, área de administração, elevador e banheiros. O imóvel é datado de 1908 e classificado como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com decreto 7.176/2004. A casa chegou a abrigar o depósito da firma Sinfrônio & Cia.
Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – Clóvis Miranda e Aguilar Abecassis / Semcom