Uma proposta de lei em tramitação na Califórnia, nos Estados Unidos, quer criar um fundo de pensão para competidores de artes marciais mistas (MMA) no estado, um benefício para uma modalidade esportiva que envolve jiu-jitsu, taekwondo, karatê e kickboxing, com alto índice de lesões e pouca proteção pós-carreira para os atletas.
A medida segue o exemplo de outro fundo de pensão para boxeadores aposentados na Califórnia, o único fundo desse tipo nos EUA, e abre precedente para expandir o benefício para outras modalidades de artes marciais, que não têm o tipo de proteção pós-carreira que atletas de outros esportes recebem de sindicatos ou associações.
As estipulações do projeto de lei são que US$ 1 de cada ingresso vendido em eventos de MMA na Califórnia vá para um fundo de pensão dos atletas. Para se qualificar, o lutador precisaria participar de 13 lutas profissionais no estado e ter mais de 50 anos.
“É mais do que zero”, comenta Tyson Miller, 25 anos, que treina e compete pelo Institute of Combat em Arcata. Para ele, o número de lutas proposto no projeto deveria ser melhor discutido. “Não existe um número perfeito, mas dez competições já mostram que o atleta esteve comprometido com o esporte”, diz.
Os lutadores de elite do MMA têm uma carreira média de 10 anos, ou cerca de 20 lutas, antes de se aposentar.
Para um esporte que não pára de crescer nas últimas duas décadas, esse tipo de progresso pode atrair mais lutadores para treinar e competir na Califórnia. Também pode ser uma vantagem para o estado quando se trata de sediar eventos.
Campeão do Jiu-Jitsu World League 2022, o brasileiro faixa-roxa Alexandre Pita, de 22 anos, saiu de Natal (RN), no ano passado, para treinar na filial da CheckMat em Long Beach, na Califórnia. Segundo ele, o estado oferece as melhores condições para atletas de artes marciais no mundo. “Aqui estão as melhores academias e eventos, por isso todo lutador, em algum momento da carreira, quer passar uma temporada na Califórnia”, afirma.
Não por acaso, o estado já revelou estrelas como Chuck Liddell e Tito Ortiz, e concentra alguns dos maiores eventos de artes marciais. Juntos, o UFC e o Bellator movimentam cerca de US$ 2 bilhões por ano.