Uma comitiva do Governo Federal, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou neste domingo (5), no Rio Grande do Sul, para aumentar a eficácia e a celeridade nas ações de resposta às fortes chuvas que deixaram o estado do Rio Grande do Sul em uma situação caótica. Até o fechamento desta matéria, o estado soma 78 vidas perdidas. Há 111 pessoas desaparecidas e, dos 497 municípios afetados do estado, somaram-se 341.
O chefe do Executivo nacional se reuniu com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e prefeitos do estado. Todos se juntaram ao ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e ao ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. Waldez e Pimenta desembarcaram no Rio Grande do Sul no sábado (4). O Comando Operacional do Governo Federal no estado está instalado e ficará por tempo indeterminado num gabinete de crise.
Além de Lula, desembarcaram no Rio Grande do Sul, neste domingo (5), os ministros Rui Costa (Casa Civil), Jose Múcio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho, (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República), e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais).
Na comitiva também estão o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o ministro do Superior Tribunal Federal, Edson Fachin, o comandante do Exército, Tomás Miguel, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.
O presidente Lula, bastante emocionado, fez questão de ressaltar a importância da união para recuperar o estado. Ele convidou presidentes do Legislativo, do Judiciário e o presidente do TCU para sobrevoar. “Aprendi com a minha mãe um ditado que diz ‘o que olhos não veem o coração não sente’. Por isso, sobrevoei, junto aos presidentes Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, ao presidente do TCU, Bruno Dantas e ao governador Eduardo Leite, para vermos a desgraça que o Rio Grande do Sul vem sofrendo e segue passando.”
O presidente Lula prosseguiu. “Mobilizar autoridades, como as que estão aqui, além dos ministros de estado, em um domingo, não é fácil. Mas todos, de prontidão, aceitaram meu convite e estamos aqui, não para aparecer unidos nas fotografias estampadas nos jornais, mas para mostrar ao governador, prefeitos e toda a população do Rio do Grande do Sul que estamos unidos e iremos reconstruir esse estado tão importante para o Brasil”, desabafou o presidente Lula, arrancando aplausos dos presentes no pronunciamento realizado no Comando Operacional do Governo Federal no estado.
“Eu rezava”
Ainda emocionado, o presidente Lula lembrou: “Quando saí de Pernambuco e fui morar em São Paulo, rezava diariamente para que chovesse. Saí de lá por conta da seca. E hoje rezo para que Deus acabe com essa chuva e diminua logo o sofrimento do povo gaúcho, que tanto admiro. Logo no começo do meu mandato atual, o Rio Grande do Sul passou por seis meses de estiagem. Nunca tinha ouvido falar que teria esse desastre no Sul, só pensava que isso poderia acontecer no Nordeste e no Norte brasileiro. Com o ministro Waldez Góes, com a Defesa Civil Nacional e outras pastas, viemos para cá e não poupamos esforços para ajudar em todos os sentidos. Hoje, garanto que não faltarão recursos e mão de obra. E eles chegarão rapidamente ao estado”, disse Lula.
No Rio Grande do Sul desde sábado (4), o ministro Waldez Góes fez coro ao presidente Lula, ratificando que o momento é de juntar forças e reconstruir. Além disso, o ministro anunciou o reconhecimento, de forma sumária, do estado de calamidade pública de 336 municípios. Confira a lista aqui. “Com isso, eles já podem apresentar os planos de trabalho, que estamos ajudando a ser feitos, da maneira correta, para que, além de seguirmos resgatando vidas, comecemos a restabelecer infraestruturas e a fornecer recursos para assistência humanitária.”
“Momento trágico”
Ainda durante a fala, o ministro refletiu: “É um momento desafiador, mas independentemente do tamanho do evento, seja afetando a vida de uma pessoa ou milhares, quando o assunto é desastre, todos devem ser atendidos com a maior agilidade possível”. E continuou: “Estamos em um momento trágico no Rio Grande do Sul, temos que ficar unidos. O presidente Lula retomou uma política de dar maior agilidade às ações de resposta e na prevenção. E nos orientou que eu e ministro Paulo Pimenta chegássemos primeiro, para dar a início à força-tarefa, de forma presencial, lado a lado com o governador Eduardo Leite e prefeitos”.
No encerramento do seu discurso, o ministro Waldez Góes deu o tom da união e da ação do Governo Federal em tempo integral: “Vamos seguir firmes na questão do resgate. E estamos trabalhando fortemente no restabelecimento”.
Sobre a questão do abastecimento de água, que afeta o estado, Waldez se comprometeu: “Garanto que iremos ajudar, pois faz parte da ação de resposta humanitária, como liberar recursos para combustível, kits de higiene. É cenário de guerra, sim. Mas juntos vamos reconstruir o estado e vale salientar que o presidente Lula criou novamente o Ministério das Cidades, mostrando o seu comprometimento com prevenção e ajuda para habitação”.
Destravar burocracias
O presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, mostrou-se bastante emocionado com o que viu no sobrevoo e colocou o tribunal à disposição para discussão de medidas mais ágeis. “Sempre iremos trabalhar com zelo ao dinheiro público, mas em casos de excepcionalidade, como é o do estado e como foi na pandemia, conseguiremos flexibilizar um pouco a parte burocrática. Vamos trabalhar isso junto aos presidentes Lula, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, para chegarmos a um acordo republicano”, disse Dantas.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, agradeceu a presença e mobilização feita pelo presidente Lula. “Achei fundamental a presença do presidente Lula, do TCU, da Câmara, do Senado e vários ministros, pois enfrentamos cenários de guerra. Então precisaremos fazer uma ação sem guerra. Não estou aqui fazendo cobranças nem jogando a culpa em ninguém, peço que deixemos suas ideologias políticas de lado, pois é a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul. Nunca tantos municípios foram afetados simultaneamente”, lamentou Leite.
Em seguida, o governador mostrou-se esperançoso: “Me conforta muito a sensibilidade do presidente Lula, pela grande mobilização feita por ele, por toda noção que ele, como lidar, tem com o sofrimento das pessoas. Como diz o slogan do seu governo, União e Reconstrução; É isso que precisamos no Rio Grande do Sul”.
Em seu discurso, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, seguiu a linha do governador Eduardo Leite: “Foi muito acertada essa ação unificada entre os governos federal, municipal e estadual. Nós precisamos de recursos para fazer várias ações. 70% da cidade estão sem água, tive que evacuar hospitais alagados. Peço que continuemos salvando vidas e que desburocratizem algumas questões, para que os recursos cheguem o quanto antes”.
Sobrevoo e planejamento
Lula fez o sobrevoo de helicóptero entre Canoas e Porto Alegre acompanhado de Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e de Edson Fachin. O presidente levou uma comitiva dos três Poderes até o estado, que desembarcou em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.
A comitiva foi recebida pelo governador Eduardo Leite e seguiu para Porto Alegre. No 3º Regimento de Cavalaria do Exército, o presidente participou de uma audiência reservada com Leite e outra com autoridades federais, estaduais e municipais.
No momento, o esforço de resgate está concentrado em Porto Alegre e na região metropolitana, nas cidades de Eldorado do Sul, Canoas e Guaíba.
Em Porto Alegre, o Guaíba transbordou e avançou sobre ruas e avenidas. A estação rodoviária da cidade foi inundada; as viagens, suspensas. O Aeroporto Salgado Filho foi fechado devido ao elevado volume de chuvas. O nível do Guaíba chegou a 5,3 metros de altura, acima da marca de 4,76 metros registrada na enchente histórica de 1941.
Reunião com prefeitos
Na noite deste domingo, os ministros Waldez Góes e Paulo Pimenta coordenaram reunião de trabalho on-line com prefeitos dos municípios atingidos pelas fortes chuvas que castigam o Rio Grande do Sul. O encontro virtual teve como objetivo discutir as ações integradas do Governo Federal para o auxílio às vítimas e às cidades atingidas.
“Foi uma reunião muito importante porque tiramos todas as dúvidas e auxiliamos os prefeitos na elaboração e solicitação dos planos de trabalho, além de mostrar a eles as próximas ações do Governo Federal”, disse o ministro Waldez Góes.
Fonte: Brasil 61