Com dramaturgia do cearense Marcos Miramar, Ítalo Rui estreia“Provérbios de Burro” e “Se eu Fosse um Rato” em dois espaços culturais na capital cearense
Neste mês de junho, o ator manauara Ítalo Rui faz estreia de dois monólogos teatrais em Fortaleza (CE). Um deles é “Provérbios de Burro”, que será apresentado no próximo dia 16, no no Theatro José de Alencar, e no dia 21 de junho será a vez de “Se eu Fosse um Rato”, no Centro Cultural Banco do Nordeste. Os dois espetáculos têm dramaturgia do cearense Marcos Miramar e as apresentações marcaram a temporada nordestina na carreira do artista.
A ligação de Ítalo Rui com a cena teatral cearense existe desde 2018, quando Ítalo ingressou no Mestrado em Artes na Universidade Federal do Ceará, finalizando em 2020. “Senti uma necessidade de voltar, uma urgência por entender outros modos de produção para além da cidade de Manaus. Desde que estudei aqui, vi uma cena muito diversa em Fortaleza, seja nos modos de produção e nas estéticas desenvolvidas pelos artistas e grupos teatrais daqui. Então voltei em busca de outros repertórios e outras possibilidades estéticas de criação e também novas parcerias para a criação do meu terceiro solo chamado Borboletas Bebem Lágrimas de Tartatuga”, comenta.
O ator ressalta que está residindo em Fortaleza desde fevereiro de 2024, mas continua realizando trabalhos entre as duas cidades. Inclusive, tanto “Provérbios de Burro” quanto “Se eu fosse um rato” foram apresentados em Manaus e em outras localidades, em eventos como o Festival de Teatro da Amazônia (AM), Festival Amazônico de Teatro (RO) e Festival de Artes Vivas de Loja, no Equador.
Em Fortaleza, a produção dos espetáculos é assinada pela Flutuante, produtora cultural focada em criação, formação e produção, comandada pela artista e produtora Juliana Tavares.
Trajetória de Ítalo Rui inclui série no Globoplay e publicação de livros
Ítalo Rui atua no teatro e no audiovisual, seja em filmes, no streaming e na publicidade. Em 2020, integrou o elenco da série de ficção Aruanas, exibida pela Globoplay. Também atuou no curta-metragem “O Tempo Passa”, de Diego Bauer, exibido no Canal Brasil e, recentemente, fez uma participação no filme “O Outro Lado do Céu”, do diretor pernambucano Gabriel Mascaro.
Além de mestre em Mestre em Artes pela UFC, ele atua como pesquisador, crítico, produtor e criador de projetos culturais. Atualmente, é um dos coordenadores do projeto Potência das Artes no Norte (PAN), onde apresenta um podcast de artes e ciências chamado “Pod do Pan”, além da realização do Festival PAN com a participação de artistas de toda Região Norte. Mestre em Artes pela UFC e graduado em Teatro pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), também é autor do livro “Do diário à cena: revisitando o movimento criador no espetáculo Provérbios de Burro” (2022) e “Veredas da Crítica Teatral Manauara: entre registro, pregnância e criação”(2021), lançado dentro da Coletânea Pensamento de Perto, pela editora Diversa, do Espírito Santo.
Marcos Miramar atua como arte-educador e dramaturgia para teatro
Marcos Miramar é arte educador, ator e escritor na cidade de Fortaleza. Licenciado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre em Artes pela mesma instituição, vem desde 2012 trabalhando na cena de Fortaleza em vários espetáculos como “Vagabundos” (2013), “Asja Lacis já não me escreve” (2015) e “Quatro Passos” (2018). Atua nas áreas da pedagogia do Teatro, dramaturgia e processos de escrita.
“Provérbios de Burro”: um relincho pela sobrevivência
Livremente inspirado no conto Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll, “Provérbios de Burro” é um solo que narra a vida de um jovem burro de carga chamado Liro, cujo nascimento se deu a partir da relação amorosa de um casal de humanos e suas angústias sobre aceitação – ou não – de sua condição. Para Ítalo Rui, é um relincho pela sobrevivência diante da realidade que nos é imposta. “A obra é uma autocrítica animalesca. Grito de lamúria por esperança, mesmo quando não há esperança.Ser burro, aceitar-se como burro, e isso não quer dizer incapacidade ou falta de sabedoria, mas um ser que busca, a todo momento um jeito de revirar a vida pelo avesso, e seguir diante da realidade carregando seus fardos”, diz.
“Se eu fosse um rato”: dramaturgia inspirada em uma reportagem sobre uma cidade na Alemanha
Uma situação inusitada – e real – inspirou o espetáculo “Seu eu fosse um rato”. O fato ocorreu na cidade de Benshein, na Alemanha, e acabou ganhando os noticiários do mundo inteiro: uma rata ficou presa em uma tampa de esgoto e os moradores da cidade acionaram o corpo de bombeiros para resgatá-la. Rapidamente, assim que a matéria – amplamente veiculada – se espalhou ao redor do mundo, houve uma divisão muito clara entre pessoas que apoiavam a ação do corpo de bombeiros, e do outro lado, pessoas que reprovaram tal medida, por considerarem um rato como uma praga.
O impasse foi a fagulha criativa para Ítalo Rui convidar o dramaturgo Marcos Miramar para escrever uma dramaturgia tendo esse mote como inspiração. “No espetáculo, o personagem principal, Alaor, após resgatar um rato, se vê em diversas situações-limites na vida, esse resgate dispara uma série de discussões sobre as semelhanças que temos com esse animal”, comenta o artista.