O número de focos de calor na Amazônia registra nova queda em setembro, de 36%, na comparação com o mesmo mês de 2022, segundo dados divulgados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mas o resultado não chega a ser uma boa notícia, já que a base de comparação são os dados do ano passado, quando tivemos o pior setembro da última década, e o número de focos segue em um patamar inaceitável.
Segundo os dados do Inpe, em setembro foram registrados 26.452 focos de calor no bioma, contra 41.282 do mesmo mês de 2022. O estado do Pará segue com a liderança, com 35,94% dos focos detectados no mês (9.507), com destaque para Altamira e São Félix do Xingu, que lideraram o ranking de queimadas. A APA Triunfo do Xingu, também no estado, concentrou 42% dos focos de calor detectados em Unidades de Conservação.
Já o Amazonas segue ostentando a segunda posição entre os que mais queimaram, o estado foi responsável por 26,43% dos focos (6.991), ou seja, 1 em cada 4 focos de calor ocorreram no estado. O Amazonas também teve o maior número de municípios no TOP 10 de focos de calor, com quatro municípios neste ranking: Lábrea, Novo Aripuanã, Boca do Acre e Humaitá.
O estado é o mais afetado pela severa estiagem que já atinge diversos estados na região Norte. Até 29 de setembro, 23 municípios entraram em estado de emergência, e o Governador decretou situação de emergência no Estado, onde mais de 170 mil pessoas já enfrentam dificuldades, com acesso restrito a itens básicos, como alimentos e água potável. A população do estado vive debaixo de fumaça há quase dois meses, devido a intensidade das queimadas, aliada ao tempo excepcionalmente quente e seco deste ano, com pouca ação por parte do governo estadual para deter a grilagem, o desmatamento e o fogo criminoso. A situação vivida hoje, foi agravada pelo intenso incentivo à destruição visto nos últimos anos.

No acumulado de janeiro a setembro, o número de focos de calor chegou a 57.941, número 33% menor que o registrado no mesmo período de 2022, quando o número de focos já chegava a 87.304. Novamente, uma redução necessária, mas com números ainda aquém da necessidade que a emergência climática nos impõe.
Corrida contra o tempo
As secas extremas que já afetam milhares de pessoas na região Norte são efeito da crise climática e agravadas pelo El Niño, que ganhou força em um ambiente já mais quente. Junte-se a isso a fumaça das queimadas e você tem uma crise humanitária, ainda sem prazo para acabar, já que a previsão é que a estiagem pode durar até pelo menos novembro.
Atualmente, 49% das emissões de gases do efeito estufa do Brasil vem do desmatamento e das queimadas. As mudanças climáticas intensificam os eventos extremos, como alerta o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e cientistas ja vinham avisando dos possiveis impactos do El Niño deste ano desde julho.
Fonte: https://portalamazonia.com/amazonia/apesar-da-queda-no-numero-de-queimadas-fumaca-segue-implacavel-na-amazonia