Oitenta militares do Amazonas recebem salários maiores que um Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo teto é de R$ 39,2 mil. Entre profissionais nessa categoria, o Estado fica atrás apenas de Goiás, com 171 profissionais recebendo acima do valor. Os dados fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que coletou informações salariais de quase todos os estados brasileiros.
De acordo com o documento, o Brasil tem 406 mil policiais militares, 93 mil policiais civis e 55 mil bombeiros, além de 96 mil policiais penais e 12 mil peritos técnicos. Entre todos esses, 631 são remunerados com o salário acima do teto constitucional, o que corresponde a 0,9% do efetivo da segurança pública. No Amazonas, esse grupo reúne 4,3% dos militares.
Levando em conta a média dos salários das Polícias Militares, ou seja, o valor em que metade da tropa ganha abaixo e a outra metade ganha acima, o Amazonas paga R$ 8.727 e fica atrás de apenas três estados e do Distrito Federal, que paga o maior valor mediano do Brasil: R$ 10.836. Vale lembrar que a polícia do Distrito Federal é financiada com dinheiro da União.
Muitos chefes
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também constatou um problema generalizado da Polícia Militar no país: as distorções na carreira. Pelo menos cinco estados e o Distrito Federal têm mais sargentos que cabos e soldados. Ou seja, mais chefes do que subordinados. E nesse aspecto o Amazonas tem o pior cenário, com 14,2 vezes mais cabos e sargentos que soldados da PM.
Desagregando os cargos, no caso amazonense há mais sargentos do que soldados e cabos somados. A análise considera essas distorções um “forte indício de que o critério de promoção adotado é o de aumentar salários apenas e não por necessidade operacional”.
Conforme avaliação no Anuário, uma das iniciativas para reduzir as discrepâncias salariais entre os estados e fortalecer políticas de segurança passa por uma centralização das ações a partir do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), o que não tem recebido atenções do Governo Federal e dos estados.
“Até fevereiro de 2021, Amazonas, Pará, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro não tinham planos estaduais de segurança pública e defesa social, condição legal para continuarem a receber recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública”, aponta o documento.
*Com informações de Toda Hora