A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), promoveu nesta sexta-feira, 30/9, ações de sensibilização direcionadas para servidores da área de saúde da zona rural e trabalhadores da construção civil. A atividade encerrou a programação do “Setembro Amarelo”, campanha de prevenção ao suicídio.
O Distrito de Saúde (Disa) Rural reuniu os servidores no auditório do Complexo de Saúde Oeste, localizado no conjunto Santos Dumont, no bairro Da Paz, zona Oeste, abordando os temas: Perfis psicológicos do suicida contemporâneo: o individualmente como um caos na vida psíquica; Qualidade de vida no trabalho; Cuidar da saúde financeira é cuidar da saúde mental; Superendividamento e suas consequências jurídicas práticas; Primeiros Socorros em Saúde Mental: voltados ao combate ao suicídio.
Durante a ação, o técnico do programa de Saúde Mental do Disa Rural, psicólogo Pedro Júnior Oliveira do Vale, explicou que o objetivo foi reforçar para os servidores que cuidar da saúde financeira é uma forma de cuidar da saúde mental.
“Pensamos em trabalhar esta questão porque o endividamento, infelizmente, está muito ligado ao suicídio. E o servidor público acaba sendo muito assediado para que faça dívidas, já que tem um contracheque fixo, um valor fixo no final do mês. Por isso, essa preocupação em abordar a educação financeira com o servidor como forma de combater o suicídio e melhorar a qualidade de vida”, destacou Pedro Júnior.
A psicóloga Karla Lima, que conduziu a palestra “Perfis psicológicos do suicida contemporâneo: o individualmente como um caos na vida psíquica”, apontou que situações de endividamento favorecem o desenvolvimento de transtornos mentais como a depressão, o que pode levar à ideação suicida.
Além disso, segundo a psicóloga, alguns transtornos mentais representam fatores de predisposição ao endividamento, como é o caso da ansiedade, transtornos do impulso, bipolaridade, uso abusivo de álcool e outras drogas e transtornos de personalidade.
“São questões que deixam as pessoas mais propensas para essa dificuldade de cuidar do próprio dinheiro e de ter uma boa vida financeira. Trouxemos a temática até como um alerta para que se pense no endividamento como um elemento importante na geração de dor e sofrimento mental, e que é preciso realmente cuidar desse elemento na vida”, afirmou Karla.
Para a servidora Ana Bárbara Santos da Silva, chefe do Núcleo de Monitoramento e Análise de Informação do Disa Rural, a atividade foi uma forma de favorecer a autoestima do servidor. “Toda informação sobre a prevenção ao suicídio é importante, assim como toda abordagem às temáticas relacionadas à saúde física, mental ou emocional. Isso ajuda a fortalecer o vínculo entre os servidores e a ver o outro com mais empatia, o que vai contribuir para uma melhor qualidade no atendimento de quem procura um serviço de saúde”, disse.
A Divisão do Centro Regional de Saúde do Trabalhador da Semsa também promoveu na manhã de sexta-feira, uma ação de educação em saúde do trabalhador em canteiro de obra no bairro São Jorge, zona Oeste, direcionado para trabalhadores da construção civil.
Durante a programação, a psicóloga Karina Rafaela Silva Salazar, servidora da Policlínica Castelo Branco, reforçou a importância de aproveitar o período da campanha “Setembro Amarelo” para sensibilizar a sociedade sobre a valorização e o cuidado com a saúde mental em todos os âmbitos da vida.
“Quando falamos em suicídio, estamos falando de pessoas que estão em sofrimento psíquico intenso. O nosso objetivo nesse momento é alertar as pessoas para que possam reconhecer sinais desse sofrimento e isso é feito por meio do acolhimento, percebendo que a pessoa teve uma mudança de comportamento, pela fala e ações dela”, explicou a psicóloga, lembrando que todo transtorno mental não tratado adequadamente pode evoluir para o suicídio.
A técnica do Centro Regional de Saúde do Trabalhador, Rejane Cortez, também apontou que o adoecimento mental pode atingir qualquer trabalhador e que o tema de prevenção ao suicídio deve ser abordado sempre e não somente no “Setembro Amarelo”.
“É importante que as pessoas estejam atentas. Não é necessário ser um profissional, mas qualquer pessoa pode observar e reconhecer os sinais de alerta, convivendo com a pessoa todo o dia para identificar a diferença do comportamento, principalmente o isolamento, quando você sabe que essa pessoa sempre foi muito participativa e agora não quer participar de reuniões ou dar opinião”, alertou Rejane.