Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Amazonas (Fapeam) iniciou nesta terça-feira (14/12), o 1º Congresso Nacional de Leptospirose no Amazonas – One Health, organizado pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). A ação recebe incentivo do Governo do Estado, por meio da Fapeam, mediante o Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos (Parev). O evento segue até quinta-feira (16/12).
O congresso on-line reúne, durante três dias, profissionais da saúde, estudantes e pesquisadores do Brasil que trabalham com leptospirose para discutir e apresentar estratégias que busquem a prevenção e o tratamento da doença.
Durante a abertura do evento, a diretora técnico-científica Márcia Irene Andrade Mavignier destacou que Fapeam cumpre a sua missão por meio do Parev, quando proporciona e fomenta eventos importantes como esse, na perspectiva de dar visibilidade à questão da leptospirose no Amazonas.
“O Governo do Amazonas, por meio da Fapeam, já investiu mais de R$ 250 milhões em ações voltadas para o fortalecimento da Ciência, Tecnologia e Inovação no Amazonas no período de 2019 a 2020”, observou.
O congresso é coordenado pela bióloga e doutora em Medicina Tropical, Luciete Silva, da Fiocruz, que explicou que o evento científico contribui para debates envolvendo as principais questões e particularidades da doença leptospirose na área da região amazônica. Desta forma, a ação busca a integração máxima de informações e dados científicos produzidos por diferentes pesquisadores, interligando experiências entre as diversas entidades e instituições de pesquisa espalhadas por todo o país.
“O evento permitirá a formação de um núcleo de pesquisa de epidemiologia molecular em leptospirose, com métodos avançados de diagnóstico, de interesse para a saúde pública na região”, destacou a coordenadora.
A diretora da Fiocruz Amazonas, doutora Adele Benzaken, aproveitou a oportunidade para ressaltar a parceria da Fapeam, assinalando que o apoio da instituição estimula não somente eventos, mas principalmente os projetos de pesquisa. “A Fapeam tem feito um trabalho belíssimo”, acrescentou a diretora.
Ainda durante a sua participação no fórum de debates, Adele Benzaken pontuou que a leptospirose ainda é um tema negligenciado, mas que precisa ser discutido.
“Esperamos que a troca de experiência traga estratégias e respostas das políticas públicas, num momento em que se discutem também as questões climáticas, o saneamento básico, que fazem emergir o caos da doença”, frisou Adele, acrescentando esperar que a visibilidade do tema em discussão desperte o interesse de jovens pesquisadores e aumente a massa crítica para o agravo da leptospirose.
“O mais importante é divulgar e angariar novas pessoas para a pesquisa e trazer novos militantes para a pauta e assim, em conjunto, trabalhar nessa doença”, completou.
Mais debates – Estiveram na programação desta terça-feira ainda palestras sobre diagnóstico da leptospirose animal; prevalência da leptospirose no Amazonas; pesquisa de reservatórios de leptospirose na fauna silvestre e diagnóstico da leptospirose: o desafio permanece.
Na quarta-feira (15/12), os debates seguem com as palestras sobre epidemiologia da leptospirose urbana; interação patógeno-hospedeiro e candidatos vacinais; desafio da leptospirose no contexto da saúde única; diagnóstico da leptospirose animal; legislações do saneamento e áreas vulneráveis à leptospirose; leptospirose em animais silvestres; parasitose intestinal em escolares de área urbana e rural do Amazonas.
Na quinta-feira, último dia do evento, as palestras seguem com os temas: caracterização de proteases secretadas por leptospiras-possíveis fatores de virulência; laboratório de referência nacional no contexto do diagnóstico de leptospirose; leptospirose uma retrospectiva de 10 anos; atualizações sobre leptospirose em pequenos ruminantes e suínos em condições semiárida; importância do sequenciamento de genoma para a epidemiologia da leptospirose no contexto de saúde única; perfil epidemiológico e o impacto do gradiente social da infecção por leptospira em humanos no município de Manaus.
Números – De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no período de 2010 a 2020, no Brasil foram confirmados 39.270 casos de leptospirose (média anual de 3.734 casos), variando entre 1.276 (2.020) a 4.390 casos (2011).
Nesse mesmo período, foram registrados 3.419 óbitos, com média de 321 óbitos/ano. A letalidade média no período foi de 8,7% e o coeficiente médio de incidência de 2,1/100.000 habitantes.
Em 2019, o Amazonas registrou 162 casos suspeitos da doença, 52 confirmados e sete óbitos.