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Férias podem enriquecer o processo de inovação

Desde que a ONU (Organização das Nações Unidas) incluiu a inovação na Agenda 2030, como uma das metas de desenvolvimento sustentável, esse tema vem ganhando força nas empresas. O item de saída dos objetivos já indica a necessidade de se fomentar infraestrutura de qualidade, confiável, sustentável e resiliente para apoiar o desenvolvimento econômico e o bem-estar humano. Isso destaca a importância de os projetos de inovação serem esforços contínuos, contemplando também as necessidades individuais da equipe – o que inclui tirar férias.  

Matéria divulgada no Harvard Business Review pelo doutor em psicologia Todd Kashdan revela que usar o tempo de férias para explorar novos lugares e novas culturas resulta não só em crescimento pessoal, como no aumento de criatividade e habilidades que podem ser usadas no ambiente de trabalho. Pesquisadores em Singapura descobriram que uma maior exposição a outras culturas por meio de viagens, amizades internacionais, estudo de idiomas e consumo de música e comida de outros países está associada à resolução de problemas não convencionais.

Ainda assim, alguns executivos temem tirar férias por receio de perder o controle dos projetos em andamento. Diante desse impasse, o consultor em inovação Rodrigo Miranda, diretor de operações da G.A.C. Brasil, diz ser possível alinhar a continuidade dos projetos com o bem-estar pessoal e dos colaboradores, afirmando que a solução reside na estrutura e gestão da inovação. “É fundamental, desde a etapa de planejamento, considerar vários aspectos do ecossistema de inovação. Quando a estratégia e a gestão são devidamente claras e organizadas, cada pessoa envolvida no projeto pode sair de férias a seu tempo, sem qualquer tipo de prejuízo”.

Segundo Miranda, a estrutura para inovação considera fatores externos e internos, a fim de suportar o desenvolvimento de um plano de ação com base em informações reais antes de estruturar os demais procedimentos. Assim, os projetos terão início, meio e fim de maneira sustentável e obtendo resultados positivos – além de desenvolver e capacitar a organização e seus colaboradores.

O especialista afirma que a inovação resulta de esforços e ideias coletivas de uma organização, sendo que a capacidade de inovar de uma empresa se reflete na utilização criativa dos recursos e tecnologias. “Geralmente, os projetos de inovação começam com um insight de criatividade. Mas, para que a inovação seja contínua e bem-sucedida, ela deve ser conduzida pela estrutura, por métodos e processos bem estabelecidos, e não apenas pela criatividade. Outro ponto que define o sucesso da inovação é a cultura da organização, principalmente quando aliada às melhores estratégias”.

Nesse sentido, Miranda afirma que o sucesso da inovação de uma empresa se evidencia em como ela lida com oportunidades e desafios que podem alterar suas normas e práticas gerenciais. “Quanto mais evidente estiver o ponto de partida e o objetivo final, tanto mais fácil será definir um roteiro para se desenvolver um ecossistema interno colaborativo. Sem essa maturidade, o próprio ambiente poderá comprometer o desenvolvimento. Portanto, identificar bloqueadores na cultura organizacional é fundamental para evitar que todo investimento em desenvolvimento de capacidades seja perdido”.

Quanto às férias, o especialista afirma que, quando as organizações são constituídas em torno de uma estratégia de inovação clara e processos bem fundamentados, é mais provável que as empresas alcancem um melhor desempenho de inovação com uma força de trabalho totalmente engajada. Para isso acontecer, é preciso que se estimule todos os profissionais a usufruir períodos de descanso e lazer. “Além de restabelecer o bem-estar físico e mental, tirar férias é essencial para garantir produtividade, satisfação e fidelização no longo prazo”.

 

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