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Impacto dos novos medicamentos para controle do diabetes

Impacto dos novos medicamentos para controle do diabetes
Impacto dos novos medicamentos para controle do diabetes

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, aproximadamente 20 milhões de pessoas possuem diabetes no país, a partir da estimativa atualizada com o Censo de 2022. Uma demanda que diariamente passa por um monitoramento rigoroso e dispõe de aparatos como a insulina que evitam complicações graves ocasionadas pela sobrecarga de açúcar no sangue. Neste contexto, o avanço das pesquisas e a chegada dos medicamentos de última geração, conhecidos como high tech, estão impactando as práticas clínicas atuais. 

Essas substâncias estão transformando a forma como a doença é controlada e proporcionando melhores resultados para os pacientes. O portal Melhores Escolas Médicas, que aborda conteúdos sobre Medicina no Brasil, ouviu a vice-presidente do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Melanie Rodacki, que esclareceu a respeito da funcionalidade desses novos aparatos.

Segundo a especialista, os recursos mais recentes utilizados em tratamentos de diabetes tipo 2 – a forma mais comum da doença – ligada ao metabolismo, podem ser encontrados nas canetas de semaglutina, já disponível no país como Ozempic, que reduz não só a glicose, como as comorbidades da doença: problemas hepáticos, acúmulo de gordura e apneia do sono, diminuindo o risco cardiovascular. 

“Uma outra medicação desse grupo, que ainda não foi lançada pelo fabricante no Brasil, mas já está disponível fora, é a tirzepatida, com o nome comercial de Mounjaro. A partir dessa medicação que tem efeito nos receptores de GLP-1 e GIP, temos um controle ainda mais eficaz, tanto na perda de peso, quanto nesse aspecto de melhorar as comorbidades associadas. Além disso, recentemente foi demonstrado que ela tem um grande efeito em prevenir o aparecimento de diabetes tipo 2 em pessoas que estavam nessa fase de pré-diabetes”, detalha.

Os avanços não param por aí e contam, inclusive, com a interação entre usuários e aplicativos que são capazes de emitir um alerta sonoro em caso de descompensações, às vezes silenciosas. Entre os lançamentos para a monitorização da glicose para pessoas com diabetes tipo 2 e a tipo 1 (versão autoimune e normalmente detectada na infância ou juventude), ganha destaque  o uso de sensores que medem a glicose no líquido intersticial, que está abaixo da pele. A partir da inserção de um cateter, a glicose é verificada de forma contínua. Para isso, basta encostá-lo no leitor ou celular para que os dados da leitura fossem coletados e armazenados a cada 15 minutos, podendo ser apagados após o período de oito horas sem ser acionado.

“No Brasil, este ano, foram inseridos sensores que fazem a leitura em tempo real com resultados disponíveis no celular do paciente que pode receber alarmes em casos de oscilações das taxas de glicose. Isso é extremamente importante para a segurança do paciente, uma vez que altera as medidas comportamentais e faz com que o mesmo fique mais alerta ao controle e reduza as chances de complicações. Então, pessoas com mais hipoglicemias se beneficiam mais ainda desses sensores, especialmente dos alarmes de glicose que avisam o paciente quando esses eventos estão acontecendo. Atrelado a isso, vem a análise do especialista que o acompanha para a condução do melhor tratamento”, ressalta a vice-presidente.

Segundo a professora Melanie, a melhoria na qualidade de vida vai muito além da redução na quantidade de picadas nos dedos e amplia as opções terapêuticas para médicos e pacientes. “Isso representa uma mudança importante na abordagem do diabetes, que passa a ser tratado de maneira mais integrativa, visando não só a normalização da glicose, mas também a proteção dos órgãos vitais e a prevenção de comorbidades”, cita.

A bomba de insulina Medtronic 780G, por exemplo, consiste num equipamento que armazena determinada quantidade de insulina para alguns dias por meio de um sensor de glicose e um algoritmo de controle que permite que as informações se conectem. “As medidas da glicose vão sendo interpretadas e a bomba faz ajustes automáticos da dose de insulina conforme o paciente precisa. Isso é bem interessante para indivíduos com diabetes tipo 1, em casos mais específicos, pois os pacientes têm muitas decisões a tomar o dia inteiro e essa tecnologia vai diminuir muito a sobrecarga mental com as adaptações necessárias feitas pelo algoritmo”.

Acesso para todos

Embora as medicações mais modernas ofereçam vantagens significativas, seu alto custo ainda é um desafio para boa parte da população. “Uma pequena proporção dos pacientes com diabetes tipo 1 têm acesso à bomba e são poucos locais que oferecem essa possibilidade. Já o sensor de glicose, está sendo julgado em instâncias governamentais, se vai haver disponibilização para a população, pois isso ainda não é uma realidade, mas deveria ser”, pontua a especialista.

A decisão que passa pela esfera governamental a qual a vice-presidente se refere teve processo iniciado em outubro deste ano através de uma consulta pública que considerou o uso do sistema flash de monitorização da glicose por escaneamento intermitente para pacientes com Diabetes Mellitus tipo 1 e 2. Organizada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), a iniciativa tem o objetivo de garantir que a experiência de quem vive com as doenças seja considerada nas decisões da Conitec sobre a incorporação ou não dos novos tratamentos ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Inteligência Artificial

A inteligência artificial (IA) também tem sido uma importante aliada nas práticas clínicas. O portal Melhores Escolas Médicas abordou recentemente essa temática que tem remodelado diversos aspectos do cotidiano médico.

“Atualmente existem ferramentas de inteligência artificial que estão chegando para facilitar a vida de pessoas com diabetes, como, por exemplo, a contagem de carboidrato. Feita a partir de uma foto do prato onde, pela inteligência artificial, podemos definir qual é a dose que o paciente vai precisar tomar. Entretanto, é preciso que os especialistas fiquem atentos ao bom uso dessa ferramenta de modo a não prejudicar os pacientes”, conclui Dra. Melanie Rodacki.

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