Ao longo da História, a humanidade desenvolveu métodos para lidar com a morte de acordo com diferentes culturas, crenças e tradições. Um deles é a cremação, em que há a incineração do corpo da pessoa até ser transformado em cinzas.
A prática remonta a milhares de anos. Segundo a Encyclopaedia Britannica, plataforma voltada para educação e pesquisa, a cremação em fogueiras abertas foi introduzida no mundo ocidental pelos gregos, por volta do ano 1000 a.C. (antes de Cristo). Os antigos romanos seguiram esse método e também cremavam seus “heróis militares”.
Obviamente, na época, a cremação era diferente. Não havia as técnicas e os cuidados atuais, como uso de fornos especiais, padrões de segurança e empresas especializadas ‒ estes são resultado de um processo de evolução e aprimoramento conquistados ao longo dos séculos.
Cremação no Brasil
O Crematório Vila Alpina, em São Paulo (SP), é reconhecido como o primeiro do Brasil. De acordo com seu site oficial, começou a funcionar em 1974. A cremação, inclusive, está prevista na lei federal 6.015/73 e também já motivou diferentes projetos no Congresso, como um que determina a implantação de crematórios públicos em municípios com mais de 200 mil habitantes (PL 5962/2013).
Dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) indicam que entre 8% a 9% dos mortos no país são cremados. Na visão de Vinicius Mello, diretor-executivo do Grupo Riopae, a cremação tem se tornado uma prática mais comum nas últimas décadas. A empresa na qual ele atua inaugurou, em 2023, o Crematório Metropolitano São João Batista, na cidade de São João de Meriti (RJ), a cerca de 27 quilômetros da capital do estado.
“Um dos principais motivos para a crescente popularidade da cremação é sua pegada ambiental reduzida. Em comparação com o enterro tradicional, a cremação evita a contaminação do solo por produtos químicos presentes nos caixões e é uma opção muito mais sustentável”, afirma.
Mello destaca ainda um fator considerado importante para alguém que está se despedindo de um ente querido: a memorialização. “Com as cinzas, as pessoas podem escolher várias maneiras de homenagear a memória do falecido, como espalhá-las em locais especiais, transformá-las em joias comemorativas ou, até mesmo, mantê-las em urnas, em casa”.
Essa versatilidade permite que as famílias criem rituais personalizados de acordo com suas necessidades emocionais e culturais, complementa Mello. Outro aspecto a ser considerado, na visão do especialista, é a questão econômica. Ele alega que os custos variam, mas, em geral, a cremação é mais acessível do que o enterro tradicional.
“Isso pode ser especialmente significativo em um momento em que as famílias enfrentam desafios financeiros e buscam maneiras de honrar seus entes queridos sem sobrecarregar o orçamento”, aponta.
Mello reconhece que alguns pontos podem ser aprimorados no setor de cremação para que o método se torne mais popular e aceito pelas pessoas. Entre as estratégias, ele cita a necessidade de fazer campanhas de conscientização sobre os benefícios ambientais da prática, abordar o assunto em meios de comunicação e trabalhar em colaboração com instituições religiosas.
O especialista ressalta a importância de colaborar com o poder público na construção de projetos que promovam a cremação como uma opção viável. “Ao adotar uma abordagem multifacetada, que aborda questões financeiras, culturais, religiosas, ambientais e pessoais, é possível disseminar amplamente a prática. À medida que mais gente reconheça esses benefícios, a cremação continuará ganhando destaque”, resume.
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