A indústria da mineração é um dos setores econômicos que apresentam as emissões mais baixas de gases de efeito estufa (GEE) do país: apenas 0,55% das emissões no Brasil ou 12,77 MtCO2e (milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente). É o que aponta o Inventário de Emissões de GEE do Setor Mineral 2024. A queima de combustíveis fósseis, em especial o óleo diesel, é responsável pela maior parte (59%) das emissões. Em seguida, estão as atividades de mudança do uso do solo (14%). O dióxido de carbono, CO2, é o gás predominante, com 85% do total de emissões do setor. O inventário foi divulgado nesta 3ª feira (28/5), pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em Brasília.
Segundo o inventário do IBRAM, que tem por base o ano de 2022, as emissões de escopo 1 (emissões diretas) totalizam 11,29 milhões de tCO2e (toneladas de dióxido de carbono equivalente), representando 88% do total do inventário. As emissões de escopo 2 (indiretas, pela compra de energia elétrica) somam 1,47 milhão de tCO2e. O volume de GEE emitido pelo Brasil quando consideramos todos os setores está situado na casa dos bilhões de toneladas: 2.319,08 MtCO2e. Desse total, a indústria é responsável por apenas 3% das emissões ou 70,08 milhões de toneladas de CO2 equivalente, e, desses 3%, apenas 18% são oriundas do setor mineral.
Os cálculos do inventário levam em conta dados das mineradoras e do estudo “Análise das emissões de gases de efeito estufa e suas implicações para as metas climáticas do Brasil 1970-2022”, do Observatório do Clima. Mesmo sendo de baixa emissão, na comparação com outros segmentos econômicos – como outras indústrias, setor de energia, agropecuária etc. – a indústria mineral, liderada pelo IBRAM, firmou um pacto com a sociedade por meio da Agenda ESG da Mineração do Brasil, a partir de 2019, diz Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM. Essa Agenda contém planos de ação para as empresas associadas ao instituto aprimorarem seus indicadores de sustentabilidade, entre os quais, cumprir metas audaciosas de redução de suas emissões.
Também participaram da solenidade de lançamento do inventário o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Mauro Souza, a diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Ministério de Minas e Energia, Ana Paula Bittencourt, a ex-senadora Kátia Abreu, além de gestores e dirigentes de mineradoras, jornalistas, entre outros convidados.
Mineradoras contribuem com clientes e fornecedores para reduzirem GEE
Além de iniciativas de descarbonização do setor, as empresas também buscam desenvolver produtos que contribuam para mitigar as emissões de clientes da mineração. Para a siderurgia há mineradoras que fornecem um aglomerado, útil para reduzir emissões desse cliente, ao mesmo tempo em que diminui também o impacto para as mineradoras. E mais: de modo a minimizar suas emissões indiretas, as mineradoras apoiam iniciativas de seus fornecedores de produtos e serviços nessa mesma direção.
Emissões analisadas relacionadas a 27 substâncias minerais
O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Setor Mineral 2024 foi realizado pelo IBRAM, com participação das empresas associadas e da empresa WayCarbon. Foi considerada a metodologia do GHG (Greenhouse Gases) Protocol para mensuração das emissões deste inventário, que apresenta informações referentes ao ano base 2022, coletadas junto a uma amostra composta por 42 indústrias associadas ao IBRAM e a entidades como Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários (SINDIROCHAS) e Associação Brasileira do Carvão Mineral. Essa amostra representa 50% do ROM (sigla em inglês para run of mine ou minério lavrado) nacional. O estudo está focado em 27 bens minerais: Agalmatolito; Areia; Argila; Bauxita; Brita; Calcário; Carvão Mineral; Caulim; Chumbo; Cobre; Cobalto; Cromita; Espodumênio (Lítio); Estanho; Ferro; Fosfato; Gipsita; Magnesita; Manganês; Nióbio; Níquel; Ouro; Potássio; Prata; Rochas Ornamentais; Vanádio; Zinco.
Emissões por substância mineral
O inventário considerou os escopos 1, 2 e 3. Considerando a intensidade de emissões dos escopos 1+2 por tonelada de minério, o foram criados indicadores de emissão por volume de produção para cada segmento. O segmento com indicador mais elevado é o de rochas ornamentais: 0,148 tCO2e/t; depois prata: 0,131; chumbo: 0,080; vanádio: 0,063; espodumênio (lítio): 0,048. O minério mais produzido (em toneladas) no Brasil, o minério de ferro, apresenta indicador de 0,008 tCO2e/t.
As emissões da categoria 10 do escopo 3 totalizaram 762,25 milhões de tCO2e, o maior indicador cabe ao segmento de cobalto: 8,46 tCO2e/t; depois bauxita: 2,66; carvão mineral: 2,55; chumbo: 1,36. O minério de ferro apresenta indicador de 1,27 tCO2e.