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Aprender idiomas expande as fronteiras da cognição humana

Aprender idiomas expande as fronteiras da cognição humana
Aprender idiomas expande as fronteiras da cognição humana

Estudos científicos revelaram que aprender idiomas fortalece a reserva cognitiva, retarda doenças neurodegenerativas, promove uma melhor recuperação pós AVC, ajuda na agilidade cognitiva e concentração melhorando a tomada de decisão, a memória de trabalho e as habilidades de aprendizado. Desbravar o universo dos idiomas é uma trilha para uma mente mais ativa e um valioso investimento em saúde mental.

Ellen Bialystok do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova York no estudo Bilingualism as a protection against the onset of symptoms of dementia (O bilinguismo como proteção contra o aparecimento de sintomas de demência) examinou o efeito do bilinguismo ao longo da vida na manutenção do funcionamento cognitivo e no retardamento do aparecimento de sintomas de demência na velhice. Neste estudo os bilíngues apresentaram sintomas de demência 4 anos mais tarde em comparação aos monolíngues, ou seja, os que falam apenas a língua materna.

Na mesma linha Andrea Paulavicius e pesquisadores do Departamento de Medicina Baseada em Evidências da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) no estudo Bilingualism for delaying the onset of Alzheimer’s disease: a systematic review and metaanalysis (O bilinguismo para atrasar o aparecimento da doença de Alzheimer: uma revisão sistemática e meta-análise) chegaram à conclusão que o bilinguismo pode atrasar a manifestação dos sintomas e o diagnóstico da doença de Alzheimer.

Falar mais de um idioma ajuda o processo de tomada de decisão e controle mental

Ellen Bialystok no artigo Reshaping the Mind: The Benefits of Bilingualism (Remodelando a mente: os benefícios do bilinguismo) demonstrou que os indivíduos que falam mais de uma língua têm um desempenho consistentemente superior ao dos seus homólogos monolíngues em tarefas que envolvem o controle executivo que é a capacidade de controlar comportamentos indesejados para frear uma predisposição interna e realizar um comportamento mais assertivo.

Além disso, Ellen Bialystok apresentou provas do efeito protetor do bilinguismo contra a doença de Alzheimer, com algumas especulações sobre a razão dessa proteção: maior desenvolvimento em tarefas verbais e sociais, afirmando que o multilinguismo (falar muitos idiomas) é uma ferramenta poderosa para melhorar as interações sociais e a comunicação.

Aprender idiomas e a melhor recuperação pós AVC

No artigo Impact of Bilingualism on Cognitive Outcome After Stroke (Impacto do bilinguismo nos resultados cognitivos após um AVC) publicado por Suvarna Alladi, Thomas H. Bak, Shailaja Mekala, Amulya Rajan foi estudado 608 pacientes com quadro de AVC isquémico e avaliaram o papel do bilinguismo na previsão do déficit cognitivo pós-AVC na ausência de demência O resultado do estudo identificou que a percentagem de doentes com funções cognitivas intactas após um AVC foi duas vezes superior nos bilingues do que nos monolíngues. Em contraste, os doentes com déficit cognitivo eram mais comuns em pessoas monolíngues.

A importância da interação social no aprendizado de idiomas

Laura Verga do Instituto Max Planck da Alemanha e Sonja A. Kotz  da Universidade de Manchester no Reino Unido no estudo How relevant is social interaction in second language learning? (Qual a importância da interação social na aprendizagem de uma segunda língua?) concluíram que a sociabilidade deve ser considerada como um fator crítico e potencialmente influente para aprender línguas pelos adultos e destacaram que a aprendizagem interativa de línguas se assemelha a uma situação de aprendizagem natural que envolve um professor e um aluno.

Anita Muhoaida Kurani da Universidade Aleksander Moisiu Durres na Albânia no estudo The role of interaction in second language acquisition concluiu que a interação pode ter efeitos positivos no desenvolvimento do aprendizado de uma segunda língua e que através da interação e das relações interpessoais, a utilização criativa da linguagem desempenha um papel importante, na medida em que os aprendizes se envolvem em discussões para chegar a um entendimento mútuo e afirmou que para que a aprendizagem de línguas seja significativa, ela deve ser integrada na conversação.

Pesquisadores de universidades japonesas Noriaki Yusa, Jungho Kim, Masatoshi Koizumi, Motoaki Sugiura e Ryuta Kawashima no estudo Social Interaction Affects Neural Outcomes of Sign Language Learning As a Foreign Language in Adults (A interação social afeta os resultados neurais da aprendizagem da língua gestual como língua estrangeira em adultos) concluíram que o estudo forneceu os primeiros dados de neuroimagens que mostraram que a interação entre seres humanos ajuda a adquirir regras sintáticas e, por sua vez, provoca alterações significativas no cérebro e a implicação para a aprendizagem de uma segunda língua é que a aprendizagem da sintaxe de uma segunda língua num contexto social mais rico pode muito bem conduzir a um processamento da segunda língua semelhante ao nativo.

Sarah Roseberry Lytle e Patrícia Kuhl da Universidade de Washington na pesquisa Social Interaction and Language Acquisition: Toward a Neurobiological View (Interação social e aquisição de línguas: para uma visão neurobiológica) concluíram que tanto nos animais como nos seres humanos, a ideia de que um contexto social é fundamental para a aprendizagem comunicativa. No caso dos seres humanos, foi sugerido que a aprendizagem de línguas se baseia num contexto social rico.

O economista e escritor Diercio Ferreira, CEO da Pecúnia Idiomas e Educação Financeira infere que “como as pesquisas científicas consideram a interação social essencial para o aprendizado de idiomas, aprender sozinho(a) é importante como reforço e atividade complementar, mas, de forma isolada não parece ser uma boa estratégia para atingir a fluência, pois, para o verdadeiro sucesso da aprendizagem, seja presencial ou online ao vivo, ainda é necessária a velha e boa interação social em equipe e o suporte de um professor”.

Finalizando, o Professor Diercio Ferreira afirma que “em resumo, ser bilíngue ou multilíngue não apenas oferece vantagens práticas em termos de comunicação, vantagens econômicas no mercado de trabalho, mas também fornece benefícios cognitivos que podem contribuir para um envelhecimento cerebral mais saudável e um melhor desempenho cognitivo ao longo da vida”.

 

 

 

 

 

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